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11 de Julho – XV Domingo do Tempo Comum

Deut 30, 10-14; Sl 68; Col 1, 15-20; Lc 10, 25-37

Qual é a nossa mais-valia?

           Levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para receber como herança a vida eterna?» Jesus disse-lhe: «Que está escrito na lei? Como lês tu?» Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo». Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem. Faz isso e viverás».

            Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?» Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: ‘Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar’. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: Então vai e faz o mesmo». (Lucas)
 

Qual é a nossa mais-valia?

            Esta é uma das mais extraordinárias passagens dos evangelhos! Voltamos a ela uma e muitas vezes e descobrimos sempre frescura e novidade! Se alguma coisa as criancinhas deviam decorar na catequese, que fosse esta passagem, toda, não só a parábola, mas também o diálogo entre o doutor da lei e Jesus! De facto, espanta – quase diria, escandaliza! – o desconhecimento que os cristãos têm deste texto, mesmo os mais comprometidos: no máximo, uma breve noção de um desgraçado que foi roubado e de um estrangeiro que o ajudou…
 
            Embora a pergunta do doutor da lei, com esta ou outra formulação, seja comum aos quatro evangelistas, só Lucas conta a parábola do Bom Samaritano. Por outro lado, os outros evangelistas colocam a pergunta já em Jerusalém, enquanto Lucas a puxa para o início da caminhada para Jerusalém. Com esta antecipação, Lucas retira a pergunta do doutor da lei do contexto da controvérsia entre Jesus e o poder religioso de Jerusalém, para situá-la no contexto das condições para seguir Jesus, que é, se bem nos lembramos, o pano de fundo dos textos que temos vindo a ler nestes últimos Domingos. Portanto, com este texto, Lucas pretende continuar a catequizar-nos sobre as condições a que temos de responder para podermos ser discípulos de Jesus.
 
            Nessa perspectiva, a pergunta do doutor da lei não punha só Jesus à prova; punha também todos os cristãos da Igreja nascente: afinal, que mais-valia representava esta nova doutrina (o cristianismo) em relação ao judaísmo? O judaísmo já dera a solução definitiva para “possuir a vida eterna”: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo!”. A única coisa que resta aos cristãos, como prática e como doutrina, é fazer isto mesmo! Então, porque ser cristão?!, porque não ser simplesmente judeu?!
 
            Lucas responde com a nova compreensão de “próximo” que o cristianismo trouxe, e que de facto não cabia no judaísmo (e por isso os representantes do judaísmo – o sacerdote e o levita – passam ao lado): amar o próximo é usar de compaixão por quem está caído à beira do caminho, seja quem for (mesmo estrangeiro e mais ou menos inimigo) e seja por que causa for (da desgraça económica, à desgraça do pecado…). Amar o próximo é eu tornar-me o próximo!; é eu sair do meu caminho claro e seguro para dar o meu braço solidário àquele que percorre caminhos escuros e inseguros; é eu descer da minha posição, qualquer que seja – religiosa, moral, social, económica – até à posição em que o outro está para depois nos elevarmos os dois solidariamente.
 
            A novidade dos discípulos de Jesus em relação ao judaísmo não está nas verdades últimas da doutrina (embora mais tarde estas se tenham vindo a tornar também muito importantes), mas na compreensão das implicações práticas dessa doutrina. Por isso, por duas vezes, o imperativo de Jesus é: faz, faz isso, faz o mesmo!
 
            O salto de um piedoso judeu para um discípulo de Jesus é tão simples como isto: ver esse piedoso judeu a descer da sua montada para auxiliar um samaritano meio morto de pancadas à beira do caminho! O salto de um piedoso religioso, que até se considera cristão, para um discípulo de Jesus de Nazaré continua hoje a ser exactamente o mesmo! [Como fez Isabel de Aragão!].
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