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30 de Maio – Solenidade da Santíssima Trindade

Prov 8, 22-31; Sl 8; Rom 5, 1-5; Jo 16, 12-15

A 5ª Promessa do Espírito Santo

        Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará». (João)

 

A 5ª Promessa do Espírito Santo

         Celebramos hoje a Solenidade da Santíssima Trindade.
            A crença na Trindade – a crença de que em Deus há três Pessoas distintas, mas todas “totalmente Deus” (uma só natureza) – é um elemento distintivo das religiões cristãs, que nasce mais da reflexão aturada sobre o Mistério de Cristo, e logo depois sobre o Mistério de Deus, do que de uma revelação explícita feita por Jesus, ao modo do Evangelho da missa de hoje. O que os primeiros cristãos descobrem, na sua vida e na sua reflexão, é que vivem mergulhados no mistério de um Deus que ultrapassa todas as imagens havidas até então sobre a divindade. Nem sequer tinham palavras para expressar esta gigantesca novidade de Deus. Tentam expressá-la através de palavras da filosofia grega (mistério, pessoa, natureza), mas são traídos pelas próprias palavras, não raro com profundos cismas na vida da Igreja derivados às vezes exclusivamente da tradução “linguística” desse mesmo Mistério de Deus…
            E hoje continuamos a ter dificuldades na tradução do Mistério da Santíssima Trindade. Não está em causa o rigor e validade da linguagem filosófica de “natureza” e “pessoa”. Mas que diz ela aos cristãos do nosso tempo?! E aos não cristãos?!
            Posta a interrogação, olhemos o Evangelho da Missa de hoje, até porque talvez um caminho de aproximação ao Mistério de Deus mais próximo do nosso tempo seja a própria frescura original dos Evangelhos! No evangelho de João, ao longo dos dois discursos da despedida, na Última Ceia, Jesus faz 5 promessas da vinda do Espírito Santo, a quem atribui títulos como Paráclito… (Cá temos um exemplo do recurso à linguagem dos gregos… Pode-se traduzir por defensor, advogado…). Mas dá-lhe outros títulos, como por exemplo, no texto do evangelho da Missa de hoje (que é já a 5ª promessa) o de Espírito da verdade.
            Notemos três coisas:
            – a ligação muito íntima, quase uma vinculação, entre o Espírito e a Eucaristia (5 promessas na Última Ceia!);
            – Um papel pró-activo do Espírito na vida da Igreja: advogado, defensor… De quem?! de quê?!;
            – A Associação do Espírito Santo à ideia de verdade.
           
            Comecemos pela “verdade”, expressão tão cara ao papa actual. No nosso tempo deixou de haver “verdades”. Todo o saber é relativo, todo o dogma foi transformado em opinião. E, todavia, só a verdade nos livra das manipulações, das ditaduras, das alienações! Sem verdade não há mais qualquer outro absoluto, nem sequer a dignidade humana. Ora o nosso Deus se afirma como um Deus da Verdade! N’Ele, porque é um Deus da verdade, encontramos a rocha firme para construirmos uma vida autêntica, livre e responsável, e para defendermos a dignidade absoluta de todos e cada um dos homens.
            Deus é um defensor! Mas, de quem? De quê? Não há defensores… de coisa nenhuma! É o defensor daqueles que seguem a verdade e que por causa da verdade são perseguidos e injustiçados. Em S. João não há dúvida de que aqueles que precisam de defesa, que precisam de um Deus Defensor, são os cristãos que seguem a verdade, contra os cristãos que cedem às heresias e contra os inimigos dos cristãos por causas religiosas e ideológicas.
            Por último, se é verdade que “o Espírito sopra onde quer e como quer”, para S. João, todavia, há um lugar privilegiado da acção do Espírito: a Eucaristia! De facto os sacramentos, e de modo particular a Eucaristia, inscrevem-se no modo como Deus dispôs a sua oferta de amizade aos homens. Podia ter manifestado a sua amizade aos homens de muitos outros modos, mas quis fazê-lo através de um conjunto de sinais que contêm aquilo que significam: eficácia da salvação de Deus! Pela Eucaristia, entramos na comunhão real de Deus e com Deus! Pelo poder do Espírito Santo sobre as espécies do pão e do vinho, comungamos realmente o Corpo e Sangue do Filho, Jesus Cristo. Que outra revelação mais portentosa do Espírito seria possível?!
               
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