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17 de abril – Domingo de Ramos na Paixão do Senhor

Escutar, acreditar, serenar, morrer, ressuscitar…

           O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. (Isaías)

            Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

            Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, junto ao Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes: «Ide à povoação que está em frente e encontrareis uma jumenta presa e, com ela, um jumentinho. Soltai-os e trazei-mos. E se alguém vos disser alguma coisa, respondei que o Senhor precisa deles, mas não tardará em devolvê-los». Isto sucedeu para se cumprir o que o profeta tinha anunciado: «Dizei à filha de Sião: ‘Eis o teu Rei, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho de uma jumenta’». (…)Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou em alvoroço. «Quem é Ele?» __ perguntavam. E a multidão respondia: «É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia».

            Então, Jesus disse-lhes: «Todos vós, esta noite, vos perturbareis por minha causa, como está escrito: ‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas do rebanho’. Mas, depois de ressuscitar, preceder-vos-ei a caminho da Galileia». Pedro interveio, dizendo: «Ainda que todos se perturbem por tua causa, eu não me perturbarei». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Esta mesma noite, antes do galo cantar, Me negarás três vezes». Pedro disse-lhe: «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei». E o mesmo disseram todos os discípulos. (Mateus)

            Isaías tem a graça de falar como discípulo!; não como mestre!; e todos nós gostamos de falar… como mestres! Fala, não para ensinar, mas para dar alento aos que andam abatidos! E quanto a falar, é tudo; o resto é escutar, escutar como escutam os discípulos! É desta escuta que lhe vem a serenidade de resistir a toda a violência exercida contra si.

            Paulo integra na Carta aos Filipenses (2ª Leitura) um dos mais lindos hinos do Novo Testamento. Mas é isso, um hino, isto é, poesia! Provavelmente um hino nascido no contexto litúrgico. Percebe-se assim uma coisa: que à volta do ano 50, isto é, pouquíssimos anos após a morte de Jesus (menos de 20), a poesia e a liturgia já tinham dado uma resposta válida àquilo que a teologia do próprio Paulo, dos evangelistas e ainda dos primeiros pensadores cristãos havia de demorar pelo menos mais 50 anos a resolver: que Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem…

            Mateus, como temos dito, não perde uma oportunidade para dizer que em Jesus se cumprem todas as Escrituras, que Ele é o novo Moisés, o novo David. E cá o temos no Evangelho da bênção dos ramos a dizer que Jesus é o novo David! Curiosamente, tal como acontecera no nascimento de Jesus, toda a cidade de Jerusalém fica alvoraçada, perturbada, com a chegada deste Rei. A “entrada triunfal” de Jesus em Jerusalém contém já em si o gérmen da morte: de novo perturbada, a Jerusalém que mata os profetas vai matar o profeta de Nazaré da Galileia!

            No Evangelho da Paixão, também de Mateus, volta a aparecer a referência à perturbação, agora da própria Igreja (Pedro e todos os discípulos) diante da morte de Jesus. Segundo Mateus, mais uma vez, nessa perturbação se cumprem as Escrituras. Mas vai demorar tempo, muito tempo mesmo, até Pedro cumprir a sua promessa: “ainda que tenha de morrer contigo, não te negarei”. Mas cumpriu-a; e os outros discípulos também. Cumpriram-na depois da ressurreição de Jesus, seguindo os passos do ressuscitado. A perturbação dos discípulos diante da morte de Jesus e da sua própria morte deu lugar ao martírio assumido na expectativa da ressurreição. A morte de “Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia” precedeu milhares de mortes, igualmente injustas e cruéis, de discípulos seus. Desde a tarde daquela sexta-feira até hoje, a história do cristianismo é história de sangue de mártires!

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