Notícias

20 de fevereiro – VII domingo tempo comum

Talvez o versículo central de todo o Evangelho

            O Senhor dirigiu-Se a Moisés nestes termos: «Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e diz-lhes: ‘Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo’. (Levítico)

            Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é santo, e vós sois esse templo. […] Por isso, ninguém deve gloriar-se nos homens. Tudo é vosso: Paulo, Apolo e Pedro, o mundo, a vida e a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus. (Coríntios)

            «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito». (Mateus)

            Continuamos a ler o sermão da Nova Lei, onde Mateus compila nos capítulos 5, 6 e 7 os ensinamentos de Jesus sobre a Lei de Deus. Apesar do texto da missa de hoje ainda pertencer ao capítulo 5, em boa verdade ele está no centro, no meio, deste discurso. E isso é importante, porque nos modelos literários, escritos, dos semitas, a ideia central à volta da qual gira um discurso aparece muitas vezes intencionalmente no meio, para que também a forma diga o que está no centro do pensamento.

            E a ideia central é esta: “sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito”. O texto desenvolve-se todo como que em espiral crescente a partir desta ideia central: o que está antes (e que temos vindo a ler) e o que vem depois, deve ser lido e interpretado a partir desta ideia, como exigência prévia, ou exemplificação, ou consequência da mesma… Mas todo o sermão da Montanha, a começar pelas Bem-aventuranças e incluindo o Pai Nosso, é apenas um desdobramento desta Nova Lei: “sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito”.

            Desta Nova Lei nascem duas consequências imediatas: a primeira é a exigência absoluta de nos irmos tornando perfeitos. Daí o “atrevimento” com que Jesus tem vindo a dizer “foi-vos dito isto ou aquilo como metas concluídas, eu, porém, digo-vos que tendes que ir além dessas metas”; a segunda, é a consciência de que, diante de Deus, sempre seremos imperfeitos, ou seja, sempre seremos não merecedores dos Seus bens, mas receptores gratuitos dos dons da Sua misericórdia.

            Se podemos falar de Deus (e sempre falaremos d’Ele de modo imperfeito, porque em termos humanos, e logo contra esta Nova Lei…), talvez pudéssemos dizer que o maior dos Seus atributos é exactamente a misericórdia, expressão entendida como “dar o coração aos miseráveis”! O maior atributo de Deus é Ele ter-nos dado o Seu coração, não porque nós o merecêssemos em algum tempo ou de algum modo, mas porque Ele é assim!

            Então, o mandato de ser perfeitos como Deus é perfeito não se torna um cumprir metas legais de bom comportamento, mas um dar – cada vez maior, mais profundo, mais radical – um dar o coração aos miseráveis, a toda a espécie de miseráveis, tanto na ordem material (os pobres, os famintos, os injustiçados…) como de ordem espiritual (os pecadores, os que não tiveram acesso à Boa Nova deste amor misericordioso de Deus, os que não sabem rezar, ou até os que em nome de Deus impõem “pesados fardos sobre os homens”…).

            A referência comum nas três Leituras à santidade passa por aqui. Talvez se possa dizer que a Lei de sermos santos como o Pai do céu é santo não é só o centro do sermão da Montanha, mas o centro de todo o Evangelho, entendido de um modo amplo, como toda a história da aproximação – misericordiosa – de Deus à humanidade.

Partilhar:

Deixe uma resposta

Cáritas

A Cáritas Portuguesa é um serviço da Conferência Episcopal Portuguesa. É membro da Cáritas Internationalis, da Cáritas Europa, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, da Confederação Portuguesa do Voluntariado, da Plataforma Portuguesa das ONGD e do Fórum Não Governamental para a Inclusão Social.

Cáritas em Portugal

Contactos

Rua D. Francisco de Almeida, n 14
3030-382 Coimbra, Portugal

239 792 430 (Sede) – Chamada para rede fixa nacional

966 825 595 (Sede) – Chamada para rede móvel nacional

239 792 440 (Clínica) – Chamada para rede fixa nacional

 caritas@caritascoimbra.pt

NIF: 501 082 174

Feed

 

Comunicação Institucional