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26 de junho – 13º domingo comum

Uma Igreja sempre radical

            Todos nós que fomos baptizados em Jesus Cristo fomos baptizados na sua morte. Fomos sepultados com Ele pelo Baptismo na sua morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. Se morremos com Cristo, acreditamos que também com Ele viveremos, sabendo que, uma vez ressuscitado dos mortos, Cristo já não pode morrer; a morte já não tem domínio sobre Ele. Porque na morte que sofreu, Cristo morreu para o pecado de uma vez para sempre; mas a sua vida, é uma vida para Deus. Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus. (Romanos)

 

            Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim, não é digno de Mim. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não é digno de Mim. Quem encontrar a sua vida há-de perdê-la; e quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Quem vos recebe, a Mim recebe; e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou. Quem recebe um profeta por ele ser profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo por ele ser justo, receberá a recompensa de justo. E se alguém der de beber, nem que seja um copo de água fresca, a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa». (Mateus)

 

            Voltamos à leitura continuada do evangelho de Mateus, depois de um longo período, que incluiu os tempos da Quaresma e da Páscoa.

            Mateus, como sabemos, estrutura o seu evangelho em grandes secções, cada uma delas constituída por um grande discurso de Jesus e normalmente um conjunto de milagres que mostram na prática aquilo que a palavra dos discursos queria significar. O texto do Evangelho de hoje é tirado do grande discurso de Jesus sobre a missão dos discípulos. Neste discurso, Jesus dá aos discípulos um conjunto de recomendações: aponta-lhes comportamentos e atitudes concretas, previne-os para as perseguições, exorta-os a não terem medo, infunde-lhes coragem, pede-lhes um desprendimento radical, identifica-os com Ele próprio na missão e promete a recompensa a todo aquele discípulo que for assim fiel.

            É esta última parte (desprendimento, identificação do discípulo com Jesus e recompensa) que nos é trazida pelo Evangelho da Missa de hoje. O radicalismo das afirmações mostra o radicalismo do discipulato: ser discípulo de Jesus é alguma coisa de radicalmente diferente do pensamento e comportamento comum.

            Mateus, como também sabemos, é o grande evangelista da Igreja. Onde escreve discípulos, está a pensar na Igreja. Mateus fala de uma Igreja profética e para uma Igreja profética; fala de uma Igreja perseguida e para uma Igreja perseguida; fala de uma Igreja que se manifesta pela caridade e que vive da caridade. Fala para uma Igreja que, em última instância, se alimenta exclusivamente da esperança de que o Ressuscitado a conduzirá aos braços amorosos do Pai. A sua Igreja é sempre uma comunidade radical, levada a ser testemunha do Ressuscitado a todas as nações, mas nunca se confundindo com as nações.        

            Nestes domingos do Ano A, lemos também a Carta de Paulo aos Romanos. É uma carta escrita com urgência pastoral, porque a comunidade dos cristãos de Roma está profundamente dividida, como acontece noutras comunidades, entre cristãos provindos do judaísmo e cristãos provindos do paganismo. Curiosamente, enquanto nas outras comunidades são os cristãos provindos do paganismo que se sentem excluídos e de certo modo perseguidos, em Roma – por razões de exclusão social e perseguição política aos judeus em geral – são os cristãos judeus que se queixam de ser excluídos e perseguidos e os cristãos vindos do paganismo que dominam a vida da Igreja. Para esta divisão tão acesa, às razões de natureza política, social e étnica, soma-se uma razão teológica: enquanto os cristãos-judeus defendem a necessidade de cumprir os preceitos da lei de Moisés, os cristãos provindos do paganismo recusam esses preceitos. Paulo, sem deixar de dar razão teológica aos cristãos provindos do paganismo, tenta pacificar as duas forças e expõe mais largamente do que em qualquer outra carta a sua visão do Mistério de Cristo. Na passagem que lemos, Paulo tenta reforçar a unidade de todos, apelando ao único batismo que todos receberam e ao seu significado mais profundo.

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