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27 de março – 3º domingo da quaresma

O homem que lhe mostrou a sua grandeza

Naquele tempo, chegou Jesus a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, junto da propriedade que Jacob tinha dado a seu filho José, onde estava o poço de Jacob. Jesus, cansado da caminhada, sentou-Se à beira do poço. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria para tirar água. Disse-lhe Jesus: «Dá-Me de beber». Respondeu-Lhe a samaritana: «Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana?» Disse-lhe Jesus: «Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e Ele te daria água viva. Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna». «Senhor, – suplicou a mulher  –  dá-me dessa água, para que eu não sinta mais sede  e não tenha de vir aqui buscá-la». Disse-lhe Jesus: «Vai chamar o teu marido e volta aqui». Respondeu-lhe a mulher: «Não tenho marido». Jesus replicou: «Disseste bem que não tens marido, pois tiveste cinco e aquele que tens agora não é teu marido. Neste ponto falaste verdade». Disse-lhe a mulher: «Senhor, vejo que és profeta. Os nossos antepassados adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar». Disse-lhe Jesus: «Mulher, acredita em Mim: Vai chegar a hora __ e já chegou __ em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito e os seus adoradores devem adorá-l’O em espírito e verdade». Disse-Lhe a mulher: «Eu sei que há-de vir o Messias, isto é, Aquele que chamam Cristo. Quando vier, há-de anunciar-nos todas as coisas». Respondeu-lhe Jesus: «Sou Eu, que estou a falar contigo». A mulher deixou a bilha, correu à cidade e falou a todos: «Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será Ele o Messias?» Eles saíram da cidade e vieram ter com Jesus. Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus, por causa da palavra da mulher, que testemunhava: «Ele disse-me tudo o que eu fiz». Por isso os samaritanos, quando vieram ao encontro de Jesus, pediram-Lhe que ficasse com eles. E ficou lá dois dias. (João)

Retirámos do texto alguns versículos e as passagens sobre os discípulos, e com isso, retirámos-lhe também a densidade sacramental e missionária.

Jesus apresenta-se aos samaritanos. Dizer “aos samaritanos” é muito diferente de dizer “aos estrangeiros” ou “aos pagãos”. Os samaritanos são da mesma nação e professam o mesmo Deus e a mesma fé dos judeus. São marginalizados apenas por motivos históricos; de algum modo, são marginalizados apenas por aquela razão da primeira tentação de Jesus, a de sermos deuses!, e precisarmos, para isso, de termos uma referência de não-deuses ao nosso lado, diante de quem nos possamos sentir grandes…

A samaritana será sempre o símbolo da exclusão absoluta: exclusão étnica e racial, sexual, social, religiosa, afectiva, moral, provavelmente económica. Mulher de sede, de tantas sedes, procura água fresca no mais tórrido calor do dia; sozinha, nas suas múltiplas solidões, sonha águas eternas. Vive de sedes e sonhos.

Cansado da caminhada, à beira de um poço e sem balde, Jesus também tem sede. O Senhor da água eterna, resistindo à tentação de ser Deus e mandar a água do poço subir até ele por qualquer milagre, pede humildemente um copo de água à samaritana, à “última” das criaturas humanas. À beira do poço de Jacob, a contingência humana encontra-se com o absoluto de Deus.

E qual é a matéria desse encontro? Coisas da história, das culturas, dos respeitos humanos, das crenças, das configurações religiosas, dos ódios raciais, que vistas de fora e à distância são pouco mais que ridículas, mas que no momento em que são vividas aprisionam os afectos, as fantasias, as relações, a fé, a vida. E depois, as respostas de Deus: a vida em espírito e verdade, a comunhão, os sacramentos, o apagar de todas as sedes…

Resta dizer: ninguém na Samaria daria um passo para ir ver um homem que adivinhara que a samaritana era muito pecadora, como muitas vezes se diz. Se o fosse, era de tal modo notório que não o perceber logo é que seria cegueira! “Vinde ver um homem que me disse tudo o que fiz” significa “vinde ver o homem que me mostrou como eu fui e sou dignificada por Deus, mesmo sendo socialmente a totalmente excluída”.

Jesus apresenta-se aos samaritanos – como o Messias que partilhou a nossa exclusão total, a nossa sede, dois dias, no túmulo… mas que ressuscitou e nos ressuscita com Ele.

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