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29 de maio – 6º domingo da páscoa

Critérios para uma nova realidade

Filipe desceu a uma cidade da Samaria e começou a pregar o Messias àquela gente. As multidões aderiam unanimemente às palavras de Filipe, ao ouvi-las e ao ver os milagres que fazia. (…)E houve muita alegria naquela cidade. Quando os Apóstolos que estavam em Jerusalém ouviram dizer que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João. (…) Então impunham-lhes as mãos e eles recebiam o Espírito Santo. (Atos dos Apóstolos)

Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança. Mas seja com brandura e respeito, conservando uma boa consciência, para que, naquilo mesmo em que fordes caluniados, sejam confundidos os que dizem mal do vosso bom procedimento em Cristo.(1ª Pedro)

«Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele». (João)

 

            Este texto do Evangelho faz parte dos discursos da despedida, na última Ceia, que já lemos na semana passada. Convém lembrar que os “discursos de despedida” são, em si mesmos, um género literário, conhecido noutros contextos. São um género literário usado para dizer a alguma pessoa ou comunidade qual deve ser o seu comportamento segundo a vontade manifesta ou suposta de alguém que lhe serve de referência: alguém importante, ao partir, por viagem ou mesmo por morte, dá as suas indicações a quem fica. Deixa-lhe, no fundo, um conjunto de comportamentos para situações conhecidas, e um conjunto de critérios para enfrentar as situações desconhecidas. No Evangelho de hoje, João apresenta o motivo do discurso (Jesus vai partir para o Pai) e o critério nuclear daquilo que pede aos seus amigos, durante a sua ausência: o cumprimento dos seus ensinamentos, nomeadamente a vida em união fraterna. E, como é próprio deste género literário, em que quem parte deixa alguma coisa, algum sinal, alguma herança àqueles de quem se despede, também Jesus deixa aos seus discípulos um sinal, uma herança: outro Paráclito, outro Guia, outro Consolador… o Espírito Santo.

            Vale a pena, ainda, determo-nos na 1ª Leitura, do Livro dos Atos dos Apóstolos. A semana passada vimos que os Apóstolos tinham confiado a um Grupo de Sete [ditos, diáconos] a tarefa de cuidarem da caridade para com as viúvas, reservando-se eles para o anúncio e para a oração. Entretanto, um desses Sete (Estêvão) já morreu lapidado, por anunciar o Evangelho; e hoje encontramos outro (Filipe) também a anunciar o Evangelho, e já fora da Judeia, na Samaria. Fosse por causa da perseguição externa, fosse por causa do fogo interior do Espírito, fosse por ambas as coisas, a verdade é que a primeira rutura mental com o judaísmo deve-se a estes homens, que não foram apóstolos, mas que eram reconhecidos por toda a comunidade como os mais capazes de servirem à caridade! Gente de coração bom, de inteligência clara, de eficácia na organização, de paixão pelo bem dos pobres, de fé profunda… A primeiríssima Igreja “oficial” (o Grupo dos Doze apóstolos) já vai a reboque da Igreja do Espírito – reconhecida pelo dom da Alegria –, mesmo que o dom do Espírito Santo se transmita pelas mãos da Igreja “oficial”! É uma tensão incontornável: enquanto houver História, a Igreja do Espírito rasgará sempre novas fronteiras, mas só a Igreja oficial – mesmo que a reboque – dará a essas novas iniciativas e ruturas a credibilidade e a garantia de serem manifestações e realizações da força operante do Espírito de Deus.

            Na 2ª leitura (1ª Pedro), encontramos uma exortação aos neobatizados para darem sempre testemunho da sua Esperança, mas “com brandura e respeito, conservando uma boa consciência…”. São também critérios muito concretos, e ainda hoje muito necessários, sobre o testemunho da fé cristã: temos muitas e válidas razões para acreditar, e podemos e devemos falar delas com brio! Mas nada justifica qualquer atitude de arrogância ou indelicadeza. Sem anúncio, Filipe não converteria os samaritanos; mas com arrogância ou agressividade também não. O Espírito de Deus tem critérios de brandura e delicadeza!

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