Notícias

30 Janeiro 2011 – IV Domingo Comum

A lei da verdade

Ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo: «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa». (Mateus)

            Até agora, Mateus preocupou-se em dar-nos o “contexto” do seu evangelho: os contextos teológico (Jesus é o Emanuel, o Deus connosco, que cumpre e supera todo o Antigo Testamento), eclesiológico (os discípulos são a Igreja), histórico-geográfico (no tempo de Herodes Antipas, a partir da Galileia dos gentios) e missionário (a missão de Jesus foi anunciar e realizar o Reino dos Céus). Hoje, Mateus entra no “texto” mesmo, constituído por cinco grandes secções, cada uma delas constituída por duas partes: um discurso e milagres subsequentes. Analiticamente, as bem-aventuranças são, pois, o início do evangelho de Mateus, embora estejam só no capítulo 5. E começa com elas o 1º discurso, chamado o sermão da Montanha, que iremos ler ao longo de vários Domingos.

            No Sermão da Montanha é apresentada a Nova Lei trazida por Jesus. O texto começa assim: Jesus vê as multidões, sobe ao monte, senta-se e ensina. Já sabemos que em Mateus Jesus é sempre Deus. A montanha é o lugar onde Deus revela a sua Lei; foi no alto do Monte Sinai que Moisés recebeu de Deus a Antiga Lei; é do alto da Montanha que o novo Povo de Deus recebe do Deus-Jesus a Nova Lei. O próprio acto de sentar-se, é um gesto de autoridade sobre os ouvintes. O Ensino de Jesus é um ensino com a autoridade de Deus; não são teses, sugestões, pareceres, discussões… É a Lei de Deus; a Nova Lei de Deus. Ponto final.

            A Nova Lei de Deus, revelada por Jesus Cristo, não se apresenta como um imperativo, mais ou menos arbitrário, mais ou menos opressor, de Deus sobre as pessoas, mas como caminho de realização das pessoas.

            – Desde logo, o centro desta Lei não é Deus mas o homem! Em nenhuma bem-aventurança se lê que Deus será feliz se vós fizerdes isto ou aquilo; ao contrário, o que é dito é: vós sereis felizes se…

            – Depois, a Lei trazida por Jesus não julga as pessoas em função de qualquer acto concreto; simplesmente pede tudo!

            – A Nova Lei de Deus não olha para o passado, mas para o futuro: sereis felizes, sereis chamados, possuireis… É uma caminhada sempre a fazer; não qualquer coisa que cumprimos, mas que queremos cumprir…

            E quais são os campos existenciais verdadeiramente importantes para sermos felizes, para construirmos o futuro, mas cumprirmos a Lei de Deus: a pobreza em espírito, a humildade, a com-paixão, a fome e sede de justiça, a misericórdia, a pureza de coração, a promoção da paz, a santidade de vida, o testemunho objectivo de Jesus-Deus. A partir daqui, podemos discutir tudo, palavra a palavra, mas à hora das conclusões, é a verdade e apenas a verdade quem nos julga.

            Vale a pena ainda reter este pormenor: Jesus vê as multidões, mas ensina os discípulos (a Igreja) e não as multidões. O seu discurso é um caminho dirigido às multidões, ao mundo, mas mediado pela Igreja. Que seja feliz quem chora, quem sofre, quem é perseguido, não é, com certeza, o modo do mundo de ver as coisas. Mas o mundo vive na exploração do homem pelo homem, na guerra, na injustiça, na perseguição cega à verdade e ao próprio Deus. Na ânsia de ser feliz por critérios de ter e de poder, o mundo cria a sua própria infelicidade. Ora, é a este mundo com critérios diferentes dos de Jesus Cristo que a Igreja é chamada a santificar! E o mundo responde-lhe com perseguição… A relação da Igreja com o mundo é uma relação difícil, tantas vezes uma relação de perseguição-amor. Mateus, quando recompila estas bem-aventuranças, olha certamente a sua comunidade cristã, perseguida e sofredora, perseguida apenas porque procura ser santa no mundo, perseguida apenas porque proclama que o galileu crucificado é Deus verdadeiro. E a resposta do evangelista para esta comunidade é apenas uma: a felicidade verdadeira e plena, ao contrário dos juízos do mundo, passa por esta Nova Lei.

Partilhar:

Deixe uma resposta

Cáritas

A Cáritas Portuguesa é um serviço da Conferência Episcopal Portuguesa. É membro da Cáritas Internationalis, da Cáritas Europa, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, da Confederação Portuguesa do Voluntariado, da Plataforma Portuguesa das ONGD e do Fórum Não Governamental para a Inclusão Social.

Cáritas em Portugal

Contactos

Rua D. Francisco de Almeida, n 14
3030-382 Coimbra, Portugal

239 792 430 (Sede) – Chamada para rede fixa nacional

966 825 595 (Sede) – Chamada para rede móvel nacional

239 792 440 (Clínica) – Chamada para rede fixa nacional

 caritas@caritascoimbra.pt

NIF: 501 082 174

Feed

 

Comunicação Institucional