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10 de junho – 10º domingo comum

Ele “precisa(ria) de ser detido”!

Jesus chegou a casa com os seus discípulos. E de novo acorreu tanta gente, que eles nem sequer podiam comer. Ao saberem disto, os parentes de Jesus puseram-se a caminho para O deter, pois diziam: «Está fora de Si». Os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: «Está possesso de Belzebu», e ainda: «É pelo chefe dos demónios que Ele expulsa os demónios». Mas Jesus chamou-os e começou a falar-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? (…) Em verdade vos digo: Tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e blasfémias que tiverem proferido; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: será réu de pecado eterno». Referia-Se aos que diziam: «Está possesso dum espírito impuro». Entretanto, chegaram sua Mãe e seus irmãos, que, ficando fora, mandaram-n’O chamar. A multidão estava sentada em volta d’Ele, quando Lhe disseram: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura». Mas Jesus respondeu-lhes: «Quem é minha Mãe e meus irmãos?» E, olhando para aqueles que estavam à sua volta, disse: «Eis minha Mãe e meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe». (Marcos)

 

Voltando ao “Tempo Comum”, reencontramos o evangelho de S. Marcos quase naquele ponto onde o tínhamos deixado antes da Quaresma: no meio das grandes pregações da Galileia, quando Jesus ainda atrai multidões de tal modo que ele e o grupo dos apóstolos nem sequer têm disponibilidade para comer.
O evangelho de hoje mostra-nos a reação cautelosa de duas entidades a este “fenómeno Jesus”, na Galileia: a da família de Jesus e a dos chefes judeus de Jerusalém (que enviam escribas à Galileia em ação de espionagem!).

A reação dos chefes religiosos, não podendo negar a evidência e a grandeza do fenómeno, é dizerem que tudo se deve a um fenómeno demoníaco. Jesus mostra-se ofendido a sério com esta “avaliação”, e responde-lhes a dois níveis:

     – primeiro,  apela à inteligência deles usando de “parábolas” através das quais demonstra que não pode ser um fenómeno “demoníaco”, pois as obras que ele faz são boas e do diabo apenas se podem esperar obras más;
     – depois, emitindo um dos ditos de Jesus mais complicados de interpretar desde sempre pela teologia: “quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: será réu de pecado eterno”.

Apesar da dificuldade que persiste em identificar o que seja este “pecado contra o Espírito Santo” que não tem perdão, Marcos diz explicitamente que Jesus se referia aos que diziam “Está possesso de um espírito impuro”. Assim, tal pecado parece consistir, na perspetiva de Marcos, em trocar a “identidade” do Espírito de Deus pela identidade do espírito do demónio, não por ignorância, mas pela má-fé visível na recusa de ver que as obras de Jesus são boas.

Tal como estes escribas, também a família de Jesus (sua mãe e seus irmãos) fazem uma avaliação do que se passa, mas têm uma resposta diferente: para eles, Jesus está fora de si, perdeu o uso normal da razão. E, sobretudo, percebem logo uma coisa: que se ele continuar assim, os tais poderes da Judeia o vão matar! Note-se que o texto está feito de modo a encaixar a reação dos escribas no meio da reação dos familiares. A reação dos familiares é explicada pela avaliação dos escribas! Objetivamente, a família também não compreende o fenómeno, mas em vez de condenar a pessoa (Jesus) tenta antes preservar Jesus do fenómeno, tenta preservar Jesus daqueles escribas e da morte que se adivinha nas acusações deles. A conclusão, para a família de Jesus, é simples: ele “precisa de ser detido”! Jesus recusa também esta avaliação/conclusão da sua família, apelando à sua identidade mais profunda: “Ele é aquele que faz a vontade de Deus”. Ora, se essa é a sua identidade mais profunda, os seus verdadeiros familiares são aqueles que se configuram a Ele nesse mesmo cumprimento da vontade de Deus…, mesmo sabendo que tal fidelidade a Deus pode levar muito provavelmente à morte por mãos daqueles escribas.

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