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18 de novembro – 33º domingo comum

O povo da esperança

Jesus disse aos seus discípulos: «Naqueles dias, depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. Ele mandará os Anjos, para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da terra à extremidade do céu. Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. Assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta. Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece: nem os Anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai». (Marcos)


A Igreja primitiva, ao refletir sobre o mistério de Jesus de Nazaré, cedo percebeu que Deus Pai ao salvá-lo da morte pela ressurreição nos unia a todos nessa mesma Ressurreição. Só assim se compreendia a própria Incarnação de Jesus, a sua vinda a este mundo e a sua humanidade perfeita. Esta é, pois, a nossa fé: por Cristo, seremos levados triunfalmente ao seio eterno de Deus Pai, fonte de toda a vida e de todo o amor. Não sabemos quando, nem como isso acontecerá, mas sabemos que acontecerá, porque essa é a garantia que nos é dada pelo próprio Filho de Deus na sua vida-morte-ressurreição.

Os evangelhos fazem esta afirmação de fé, da nossa própria ressurreição com Jesus de Nazaré, recorrendo a um estilo literário já usado pelo antigo Testamento para falar das intervenções amorosas de Deus a favor dos seus fiéis, o estilo apocalítico. Por exemplo, a primeira Leitura de hoje, de Daniel, é escrita nesse estilo. E também o Evangelho que lemos, de Marcos. O estilo apocalítico é usado principalmente para alimentar a esperança dos leitores na salvação de uma situação opressiva; com esta finalidade, o estilo apocalítico pode conter algumas mensagens codificadas para pessoas que já conhecem previamente o código; por exemplo, para os leitores do Apocalipse de João, a Besta é o império romano, e o próprio imperador romano. Mas se o código se refere a uma situação concreta conhecida de todos os leitores, é evidente que passados alguns anos, quando os leitores que conheciam o código morrem ou quando o “alvo” a que se referia o código desaparece, tais codificações perdem qualquer valor. Por isso, andar nos textos bíblicos escritos em estilo apocalítico à procura de “revelações” especiais sobre o tempo atual, por exemplo para descobrir o dia do fim do mundo (!), é falta de inteligência, ou então má-fé para enganar pessoas mais incautas.

Então, a mensagem do evangelho de Marcos, hoje, é simples: exorta-nos a ter fé numa nova vinda gloriosa de Jesus, não sabemos quando, nem como, mas sabemos para quê: para nos levar consigo e nos apresentar purificados de todo o pecado a Deus Pai. E porquê recorrer a um estilo apocalítico para nos dizer isto? Porque, de facto, nesta vida terrena, mercê do pecado, nós estamos numa situação terrivelmente opressiva, estamos afastados da felicidade e da realização pessoal, familiar, social, que buscamos com tanta ansiedade e que nunca logramos alcançar. É uma situação real de cativeiro “espiritual” e humano, tal como as situações de cativeiro histórico que o povo de Deus sofreu, e nas quais recorreu ao estilo apocalítico para alimentar a sua esperança. Simples: apesar da opressão do pecado no tempo presente, Jesus virá e levar-nos-á com Ele até ao seio de Deus Pai, na comunhão do Espírito Santo e dos santos de todos os tempos e lugares.

É lá, no Céu, que temos os olhos postos; É de lá que nos alimentamos já hoje, aqui na terra, do mel da esperança. Mas não descuidamos a promoção da vida terrena e a luta pela felicidade dos homens na terra, por termos os olhos no céu. Pelo contrário, Cristo nos ensina que para irmos com Ele, temos que ir como Ele: incarnando, lutando contra toda a injustiça, construindo a paz. Todos os dias, com toda a sabedoria, com toda a verdade, com toda a vida.

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