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25 de novembro – Dia de Cristo Rei

Julgado sob Pôncio Pilatos

Pilatos disse a Jesus: «Tu és o Rei dos judeus?» Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?» Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?» Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és Rei?» Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz». (João)


Este texto do evangelho é tirado do relato do julgamento de Jesus, quando Pilatos o condena à morte. Nós estamos habituados a ler estes textos sempre numa perspetiva muito espiritualista. E essa é, com certeza, uma leitura válida e certamente o Reino de Jesus é o reino do Céu e não do “mundo”, na conceção do mundo como inimigo do homem. Mas pode ser útil ler estes textos também com outros olhares, por exemplo, com o olhar de um puro julgamento em tribunal. É esse convite que fica nesta reflexão.

S. João compõe o relato do julgamento de Jesus por cenas, como se fosse uma peça de teatro. Esta seria a segunda cena, quando Pilatos – depois de ouvir as acusações dos chefes religiosos – vai agora ouvir a posição do acusado. A principal acusação apresentada pelos chefes judeus contra Jesus é a de que ele se tinha afirmado rei dos judeus. Esta acusação era importante, porque ele assim seria condenado como um inimigo do império romano. Se os chefes religiosos o acusassem só de coisas ligadas à religião, que parece ter sido a acusação inicial, Pilatos provavelmente diria que isso não era crime e mandava-o embora.

Portanto, Pilatos apenas tem que julgar uma coisa: se é verdade ou é mentira que Jesus tivesse reivindicado ser “rei do judeus”, e condená-lo ou libertá-lo conforme as suas conclusões. Daí a pergunta que ele faz a Jesus: “Tu és o rei dos judeus?”. Jesus, antes de responder, tenta perceber qual é o grau de honestidade de Pilatos naquele julgamento: tenta perceber se o próprio Pilatos já está convencido, por ele mesmo, de que Jesus é um inimigo a abater (“é por ti mesmo que o dizes?”) ou se apenas está a colocar em cima da mesa a acusação que lhe fora feita (“foram outros que to disseram de mim?”). Mas, ao mesmo tempo, com esta pergunta, Jesus confronta também Pilatos com a sua responsabilidade pessoal, lembra-lhe que ele, Pilatos, é que é o juiz e não os outros que o entregaram. Por outro lado, pelas próprias evidências políticas e culturais, Pilatos sabe bem que essa acusação que recai sobre Jesus, de que ele quereria ser rei, não é a verdadeira razão pela qual os judeus o entregaram. E, por isso, ultrapassa a inútil pergunta inicial (“és o rei dos judeus?”) para uma mais objetiva: “o que fizeste?”, como quem diz, “Afinal, porque é que eles se querem ver livres de ti?”.

Ora, precisamente na altura em que Pilatos já dera a entender que não acreditava nessa acusação de que ele queria ser “rei”, e portanto quando Jesus podia simplesmente argumentar que, de facto, não fizera nada, ou que fora entregue por inveja, ou por causas meramente religiosas, Jesus volta atrás, contra a própria compreensão de Pilatos, e afirma “mas a verdade, mesmo, é que eu efetivamente sou rei.  Rei de um Reino da Verdade!”.

Tal reino da Verdade não é “deste mundo”, mas é para este mundo!; tanto que Jesus nasceu e veio a este mundo para dar testemunho da verdade! E fazendo apelo ao “reino da verdade”, Jesus, depois de ter confrontado Pilatos com a necessidade de ele se assumir como o verdadeiro juiz sem ceder às chantagens dos chefes religiosos, confronta-o agora novamente com a necessidade de ele agir segundo a verdade, não cedendo às mentiras dos mesmos chefes.

Pilatos está confrontado com duas obrigações: a da responsabilidade própria e a da verdade. Cedeu nas duas e por isso Jesus, sendo inocente, foi condenado.

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