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27 de maio – domingo de Pentecostes

Dons para o serviço na comunidade e à comunidade

Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. (Atos dos Apóstolos)

Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor», a não ser pela ação do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós judeus e gregos, escravos e homens livres fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito. (1ª Coríntios)

Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas.
Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra. (Salmo 103[4])

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». (João)

 

                O Espírito Santo, como acreditamos, é uma das três Pessoas de Deus. A Igreja primitiva faz uma experiência muito viva da Sua presença, através de múltiplas manifestações, que impressionam fortemente sobretudo – dentro dos autores do Novo Testamento – S. Paulo, S. Lucas e S. João. Curiosamente, a liturgia deste domingo oferece-nos um texto de cada um destes autores, com Lucas a situar o dom do Espírito Santo aos Apóstolos, sob a forma de línguas de fogo, no Dia de Pentecostes, S. João a colocar esse dom, sob a forma de sopro, no próprio domingo da Ressurreição, e S. Paulo a situá-lo no batismo de cada um, sob a forma de “bebida”. Naturalmente a Ressurreição e o dom do Espírito Santo à Igreja constituem um único e grande mistério do amor de Deus, do qual a própria Igreja teve manifestações diferentes nos tempos e lugares, e para o qual usou símbolos interpretativos diferentes.

                Cronologicamente, o primeiro destes três textos a ser escrito foi o da 2ª Leitura. S. Paulo escreve aos Coríntios, talvez a comunidade cristã que mais se deixou fascinar pelos “sinais” exteriores da presença do Espírito Santo. Entre estes sinais, o mais espetacular (e que realmente acontecia) era o de falar em línguas estranhas. Aliás, há uma referência a esse fenómeno também na 1ª Leitura. Naturalmente, aqueles e aquelas coríntios(as) que tinham esta manifestação tão visível e estranha, julgavam-se maiores do que os outros todos e faziam sentir essa importância(!) na comunidade! S. Paulo vai atacar fortemente esta presunção dos (de alguns) coríntios, e vai dizer-lhes que os dons do Espírito Santo não são motivo de orgulho, antes uma responsabilidade que cada um deve pôr a render para o serviço de todo o corpo que é a Igreja; ou seja: tais dons (interpretação dos textos bíblicos, falar línguas, ensinar, organizar a comunidade, etc.) não são coisas das pessoas mas ações do Espírito Santo nelas: “ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor», a não ser pela ação do Espírito Santo”; tais ações “individuais” do Espírito são em ordem ao bem da Igreja toda, como um corpo: “em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum”. De tal modo que, se alguém não exerce um dom que lhe foi dado pelo Espírito Santo, prejudica toda a comunidade.

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