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28 de outubro – 30º domingo comum

 De pé! – nem de joelhos, nem sentados

Quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?» O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho. (Marcos)

 

Jericó é uma das cidades mais antigas do mundo, muitas e muitas vezes destruída e reconstruída, tantos foram os seus invasores e as guerras que ali se travaram (e parecem travar-se ainda). É um oásis no meio do deserto interior da Judeia, junto ao Jordão, uma das rotas mais trilhadas pela tribos que se deslocavam entre o Sul e o Norte da Palestina. Jericó representa, assim, o transitório e o permanente, a morte e o ressurgimento, a vida e a precaridade. Tradicionalmente, os galileus preferiam peregrinar para Jerusalém acompanhando o leito do Jordão até aqui, e depois subindo à cidade santa, em vez de irem diretamente pela Samaria, terra que tinham por hostil. Os evangelhos sinóticos fazem seguir Jesus para Jerusalém também por esta rota, e colocam nesta cidade (Jericó) como que um grande ponto final ao ciclo da Galileia (centrado no anúncio do Reino de Deus), antes de entrarem no ciclo de Jerusalém (centrado na morte e ressurreição de Jesus). E, dado também esse significado, cada evangelista escolheu uma cena própria, cheia de força, para colocar nesta passagem de Jesus por Jericó. Marcos, escolheu a cura do cego Bartimeu.

Esta cena do cego Bartimeu é extremamente rica de pormenores, entendidos e desentendidos, mas como já teremos aqui refletido algumas vezes, o que sobressai é antes de mais a atitude deste cego como uma “bofetada de luva branca” naqueles que antes dele pretendiam seguir Jesus carregados de teres e de fazeres (como o homem rico do evangelho de há 2 semanas) ou de sonhos ilusórios de um futuro triunfal (como os discípulos do evangelho da semana passada)! Marcos reforça a “bofetada” com as atitudes corporais: enquanto o homem rico se tinha colocado “de joelhos” e os discípulos pedem um lugar “sentados”, Bartimeu levanta-se de um salto! De pé!, parece dizer-nos Marcos; nem de joelhos, nem sentados… Porque não se caminha de joelhos, nem sentado! E seguir Jesus de Nazaré é fazer um caminho com ele. É a mesmíssima lição de S. Tiago quando nos diz: “Acreditas em Deus?! Também o demónio acredita, e no entanto treme; Fazes aceção de pessoas na Eucaristia?! Então, não és digno de celebrar a Ceia do Senhor”.

Bartimeu, diferentemente do homem rico e dos discípulos,

         atira fora a capa

         levanta-se de um salto

         vai ter com Jesus.

Até no pedir este homem é diferente, sendo extremamente objetivo nas suas necessidades e no verdadeiro bem: “que eu veja”!

Além disso, Marcos insiste em repetir o nome do cego, porque Bartimeu já em si quer dizer “filho de Timeu”. O nome é grego, e a insistência pretende chamar-nos a atenção para isso. Ou seja, Marcos transforma este cego numa espécie de “bom samaritano” de Lucas, que encerra os judeus, como o povo da Aliança, na negação, na cegueira, e abre os olhos e a vontade no seguimento de Jesus aos estrangeiros…

Então, se quisermos sintetizar, aquilo que diferencia os cristãos dos não cristãos é o seguimento de Jesus! Apenas isso: o confronto das atitudes, das escolhas, dos valores, com o próprio Jesus; é este aproximar-se de Jesus, como o homem rico ou como os discípulos, mas diante do seu olhar “com amor” responder como Bartimeu: de pé, entregando-lhe tudo o que temos e somos e deixando que ele opere em nós tudo quanto nos falta para sermos santos.

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