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8 de dezembro – Solenidade da Imaculada Conceição


Avé, ó Cheia de Graça!

O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, da descendência de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra». (Lucas)

Uma gravidez que começa sem que tenha havido uma relação sexual (é disso que falamos na Incarnação de Jesus) só pode acontecer por uma intervenção extraordinária de Deus. Na nossa cultura há quem considere isso absurdo; e há quem tenha assimilado essa ideia com o leite materno. Portanto, toda gente (ou por alheamento, ou por crença cultural) está tranquila quanto ao nascimento virginal do Filho de Deus no seio de uma mulher, mesmo que seja o mistério do cristianismo que, visto de fora, mais fere a razão.
Mas no tempo de Lucas não era assim. A discussão, entre os cristãos, sobre a natureza divina de Jesus estava ao rubro. Todos reconheciam que Deus lhe tinha confiado uma missão muito especial. Mas a partir de que momento e de que modo, era assunto controverso. A ideia que Lucas reforça é que Deus lhe confiou essa missão desde a sua conceição no seio de Maria. No fundo, todo este relato de Lucas é para afirmar essa ideia: ele já era o Messias de Deus desde a sua conceição. Até os “seis meses” da gravidez de Isabel são um recurso literário para reforçar essa afirmação. Mas fica uma questão por resolver: como pode ele ser filho de Deus desde o seu nascimento, se todas as pessoas nascem de uma relação sexual entre um homem e uma mulher?
É esta a pergunta que Lucas coloca na boca de Maria (e que era feita objetivamente por muitas pessoas, quer cristãs, quer combatentes do cristianismo). Resposta de Lucas: no caso de Jesus, quebrou-se essa lei; Jesus nasce por ação direta do Espírito de Deus; por intervenção extraordinária de Deus. De facto – continua Lucas – Ele é, em rigor biológico, Filho de Deus.
E é essa a nossa fé. Mais, como dirá depois S. João, ele é o Filho de Deus desde toda a eternidade.
Então, onde fica a grandeza de Maria nisto tudo? Na sua virgindade? Não. Na sua maternidade? Não. Na sua eleição por Deus? Talvez também ainda não! De facto, a maternidade, a virgindade, a eleição por Deus, podem ser, e são, consoante cada caso concreto, uma grandeza de todas as mulheres. A grandeza de Maria está em acolher com total disponibilidade (serva do Senhor) o mistério de Deus que se manifesta nela de um modo humanamente absurdo: faço o que Deus quer de mim. Tal disponibilidade só é possível porque ela é a cheia de graça, como Lucas refere pela boca do anjo; a cheia de Deus em toda a sua vida. (Curiosamente, na diocese de Setúbal a festa de hoje tem exatamente o nome de Nossa Senhora da Graça!) Imaculada! Sem mancha! Sem a mancha do pecado, que é sempre soberba diante de Deus e dos irmãos. Serva! É essa radical disponibilidade de Maria de Nazaré para Deus que celebramos hoje, na Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, Padroeira de Portugal.
Depois, o que se passou na sua mente, no seu coração, na sua vida, ao aperceber-se grávida sem ter tido uma relação sexual, é incógnita sobre a qual não podemos dizer muito mais do que isso mesmo: tudo foi acolhido por Maria de Nazaré na disponibilidade que tem para Deus quem está cheio da Sua graça. Aí, sim, em encher-se da Graça de Deus, quer as mulheres quer os homens – todas e todos – temos muito que caminhar até Maria.

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