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16 de fevereiro – 6º domingo comum

Dos comportamentos às atitudes

Jesus disse aos seus discípulos: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar. (…) Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus. Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás; quem matar será submetido a julgamento’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento. Quem chamar imbecil a seu irmão será submetido ao Sinédrio, e quem lhe chamar louco será submetido à geena de fogo. Portanto, se fores apresentar a tua oferta sobre o altar e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e vem depois apresentar a tua oferta. (…) Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que olhar para uma mulher com maus desejos já cometeu adultério com ela no seu coração. (…) Também foi dito: ‘Quem repudiar sua mulher dê-lhe certidão de repúdio’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que repudiar sua mulher, salvo em caso de união ilegítima, fá-la cometer adultério. E quem se casar com uma repudiada comete adultério. Ouvistes ainda que foi dito aos antigos: ‘Não faltarás ao que tiveres jurado, mas cumprirás diante do Senhor o que juraste’. Eu, porém, digo-vos que não jureis em caso algum: nem pelo Céu, que é o trono de Deus; nem pela terra, que é o escabelo dos seus pés; nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei. (…)(Mateus)

Mateus continua a apresentar-nos a mundividência de Jesus, colocada no “Sermão da Montanha”, também chamado “discurso inaugural”. É evidente que Mateus percebe nesta mundividência de Jesus pontos de rutura com o ensino farisaico. E, para sermos rigorosos, devemos desde já acrescentar que Mateus gosta de enfatizar estes pontos de discordância, pois na altura em que Mateus escreve o seu evangelho está muito acicatada a discussão teológica entre os cristãos e um pequeno grupo de fariseus que conseguiu sobreviver à destruição de Jerusalém pelo imperador Tito. Por isso, Mateus cita os ensinamentos farisaicos e contrapõe o ensinamento dos cristãos, segundo a expressão de Jesus: “foi-vos dito…; eu, porém, digo-vos…”.

Por outro lado, Mateus escreve para cristãos provindos do judaísmo, para quem todos aqueles mandamentos que “lhes tinham sido ditos” eram extremamente importantes, faziam parte da sua estrutura cultural e religiosa. Dizer a estes cristãos que tudo aquilo em que eles tinham acreditado poderia estar errado, seria afrontar a sua cultura, seria ferir-lhes a dignidade, e, para sermos rigorosos também aqui, não correspondia de modo nenhum à verdade. O próprio Jesus foi um piedoso judeu, que conduziu a sua vida pelas crenças e prescrições judaicas. Por isso, Mateus introduz este jogo de contraposições entre a doutrina farisaica e a doutrina cristã por uma nota de apreço pela Lei judaica, dizendo que Jesus não a veio alterar, mas aperfeiçoar, completar. É neste complemento que reside a novidade de Jesus e a crítica de Mateus ao farisaísmo.

E o complemento reside muito simplesmente em passar do nível dos comportamentos para o nível das atitudes. De facto, atitudes e comportamentos não são a mesma coisa. As atitudes são disposições aprendidas (= trabalhadas, assimiladas, entranhadas no coração) para responder de determinada maneira às circunstâncias da vida. A pessoa que trabalha as suas atitudes, quando se confronta com uma situação concreta (por exemplo, conflito com outrem, sedução sexual, afirmação de convicções, só para citar este evangelho…), tende a responder em conformidade com a sua consciência e não apenas em consonância com os comportamentos que os outros esperam delas, exigidos por coisas exteriores a si, como o que diz a lei, ou o que os outros vão julgar, etc.

Depois, Mateus, para ilustrar as exigências cristãs deste trabalho sobre as atitudes, apresenta muitos ensinamentos de Jesus, agregados aqui, mas certamente retirados de muitas conversas diferentes ao longo da sua vida pública: o perdão, a reconciliação, a pureza, a reta intenção, a clareza de posições na vida, a oração… E cada ensinamento vale por si!

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