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2 de novembro – 31º domingo comum

À Igreja e à Humanidade


Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo: «Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam as filactérias e ampliam as borlas; gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’. Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso doutor, o Messias. Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado  e quem se humilha será exaltado». (Mateus)


Como vimos na semana passada, com “o mandamento do amor” como “a palavra última” e “palavra de Jesus”, Mateus encerrou a secção das discussões de Jesus com os chefes religiosos de Jerusalém. Depois, numa espécie de parênteses, Mateus faz ainda como que um grande resumo (que a liturgia dominical salta), para afirmar que nessas discussões Jesus tinha emergido como o novo David, o verdadeiro Senhor dos senhores.  

Acabadas as discussões, é tempo de tirar ilações das mesmas. É o que Mateus agora faz. O tema parece que ainda é o farisaísmo e os fariseus, mas de facto já não é; agora já nem sequer aparece nenhum “ator do universo religioso judaico” a contestar Jesus. Como nos avisa Mateus, Jesus fala para a Igreja (discípulos) e, globalmente, para toda a humanidade (multidão). E aquilo que Jesus diz à Igreja e à humanidade é que lhes faz o desafio de um novo comportamento religioso-moral, que deve ser diferente do comportamento moral dos fariseus, ainda que a doutrina possa ser extremamente semelhante: “fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas acções”.

Portanto, o que encontramos neste texto do Evangelho é um conjunto de conselhos comportamentais para nós, ou melhor ainda, um conjunto de atitudes. Basicamente, três grandes atitudes para a vida moral cristã e da humanidade:
1ª – Coerência pessoal! Procurar a consistência entre a doutrina moral e a vida (não amarreis fardos pesados aos ombros dos homens nos quais vós próprios vos recusais a tocar…)
2ª – Recta Intenção. Agir segundo a recta intencionalidade, fazendo o bem pelo bem e não com segundas intenções: fazer o bem pelo bem e não para ser aplaudido pelos outros…
3ª – Fraternidade universal. Viver em fraternidade: fazer o bem como serviço humilde à construção da verdadeira fraternidade universal – o Pai, o Mestre, o Senhor, ou seja lá qual for o título distintivo para dizer uma dignidade superior, apenas pode ser um e estar no céu!; porque na terra… todos somos irmãos e apenas irmãos.
Ainda por outras palavras: sê coerente, sê bem intencionado e sê irmão.

Todavia, ainda que expresse exactamente as mesmas atitudes, o discurso para a Igreja e para a humanidade não é exactamente o mesmo! Se tivermos em atenção que Jesus já não está a falar para os fariseus, então a alusão ao estar “sentado na cadeira de Moisés” de facto já não é uma crítica aos fariseus, mas um aviso “particular” à Igreja! É que a Igreja é quem agora está sentada na cadeira de Moisés!, exactamente naquele lugar onde antes se sentaram os escribas e os fariseus. A Igreja é a nova depositária do anúncio do amor paternal de Deus… Uma grande responsabilidade, um grande cuidado de coerência e serviço…

No fundo, é importante deixar isto claro: o que Mateus aqui está preocupado em criticar, e até em criticar violentamente – como ainda é mais evidente na secção que se segue e que começa por “ai de vós escribas e fariseus hipócritas…” – não são os fariseus de Jerusalém (por mais que Mateus não goste deles!), mas definitivamente todo o espírito do farisaísmo que penetra também os cristãos e a humanidade. A crítica violenta de Mateus é ao farisaísmo e não aos fariseus. Em boa verdade nenhum de nós é fariseu, mas todos podemos ser possuídos pelo espírito farisaico. Este é, portanto, um Evangelho que Mateus escreveu a pensar em nós!

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