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26 de outubro – 30º domingo comum

Solene ponto final


Os fariseus, tendo ouvido dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo, e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?» Jesus respondeu: «‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas». (Mateus)

Apesar deste texto do Evangelho parecer bastante claro no seu conteúdo, devemos atender também ao seu contexto. Para isso é importante recordar que Mateus compõe o seu Evangelho por secções: uma secção sobre a nova Lei; outra secção sobre a Missão; etc. Ao longo dos últimos domingos temos vindo a ler na Missa a secção do conflito entre Jesus e os chefes religiosos judeus, em Jerusalém.


Mas, de facto, como Mateus junta em blocos (ou secções) todo o material de que dispõe sobre o mesmo assunto, estas discussões mais ou menos conflituosas entre Jesus e os chefes religiosos não se passaram só em Jerusalém, mas decorreram com certeza ao longo de toda a vida pública de Jesus, nomeadamente na Galileia. Por outras palavras: Mateus tem em cima da secretária um conjunto de várias discussões que Jesus teve com os chefes religiosos. Resolve fazer com elas um bloco do seu Evangelho. Para isso precisa de as ordenar: escolher a que vai pôr em primeiro lugar, em segundo lugar…, em último lugar. E vai fazer essa ordenação não na ordem geográfica ou cronológica, mas segundo uma ordem de crescendo teológico da novidade de Jesus em relação ao judaísmo dos “chefes” religiosos. É esse “crescendo teológico” que temos vindo a acompanhar nas últimas semanas, até ao solene ponto final do Evangelho da missa de hoje: toda a História da Salvação (toda a Lei e todos os Profetas) se resume em dois mandamentos, que são um só na sua semelhança: o amor a Deus e ao próximo.


Ao longo destas semanas vimos Jesus reduzir ao silêncio os sacerdotes, os levitas, os anciãos, os fariseus, os herodianos, os saduceus (como diz o texto deste evangelho)… No final de todos estes silêncios envergonhados, só uma pessoa continua com o direito à palavra, de modo solene, inequívoco, definitivo: Jesus. E a sua palavra é: “toda a Lei e todos os Profetas se resumem em amar a Deus e amar o próximo”.


Por isso podemos afirmar que, para Mateus, esta afirmação de Jesus no Evangelho da missa de hoje é absolutamente central – é a última e definitiva Palavra! – na novidade introduzida por Jesus de Nazaré na História da humanidade e na História da relação de Deus com os homens. Ela reduz à insignificância tudo o que for para além do amar a Deus e ao próximo.


Notemos ainda que pergunta é feita no meio de um grupo de fariseus! Este pormenor é interessante porque os fariseus eram arrebatados discutidores entre eles das mais de 600 prescrições legais e rituais da moral judaica, e todos com opiniões muito doutas e diversas, e portanto tudo apontava para uma discussão teológica “sobre o maior mandamento da Lei” até às tantas da madrugada! E, todavia, Jesus nem uma palavra lhes dá a oportunidade de dizerem. Agora, a única Palavra que se pode ouvir é aquela pronunciada por Jesus de Nazaré: todas as outras palavras são inúteis; só o amor radical (com todo o coração, com toda a alma, com todo o espírito) conta.


Mais ainda: este doutor faz a pergunta sobre o maior mandamento da Lei… para experimentar Jesus! Mais uma vez para experimentar, para pôr à prova, para ver se jesus diz algum erro… Mas Jesus já nem se sente ofendido com isso. Já ultrapassou essa fase, já vai lá ao longe, já vive noutra realidade, já está imerso na novidade que ele próprio introduz na História: só o amor conta. Um amor que jamais poderá dissociar Deus e o próximo. A semelhança entre estas duas dimensões do amor é tal que se negarmos uma…, negamos a outra. A história do nosso tempo que o diga!

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