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30 de novembro – 1º domingo do advento

Um Deus que não faz estremecer montanhas


Vós, Senhor, sois nosso Pai e nosso Redentor, desde sempre, é o vosso nome. Porque nos deixais, Senhor, desviar dos vossos caminhos e endurecer o nosso coração, para que não Vos tema? Voltai, por amor dos vossos servos e das tribos da vossa herança. Oh, se rasgásseis os céus e descêsseis! Ante a vossa face estremeceriam os montes! Mas Vós descestes e perante a vossa face estremeceram os montes. Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram que um Deus, além de Vós, fizesse tanto em favor dos que n’Ele esperam. Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos. Estais indignado contra nós, porque pecámos e há muito que somos rebeldes, mas seremos salvos. Éramos todos como um ser impuro, as nossas ações justas eram todas como veste imunda. Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento. Ninguém invocava o vosso nome, ninguém se levantava para se apoiar em Vós, porque nos tínheis escondido o vosso rosto e nos deixáveis à mercê das nossas faltas. Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das vossas mãos. (Isaías)

Jesus disse aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite,  se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!» ( Marcos)

A Primeira Leitura, do profeta designado por Terceiro Isaías, faz parte de um longo poema. A nota de rodapé da Bíblia (difusora bíblica) diz que este poema “é uma grande meditação histórica em que o profeta, depois de lembrar os efeitos de Deus em favor de Israel (63, 7-14), suplica a Deus que venha, uma vez mais, em auxílio do seu povo (63,15 – 64,3), que humildemente confessa os seus pecados (64, 4-11)”.  O bonito desta parte do poema que lemos hoje é que Isaías tece a seguinte consideração: por sua natureza (dada a omnipotência de Deus) uma descida de Deus ao meio do povo deveria ter dimensões cósmicas: “Ante a vossa face estremeceriam os montes!”. Mas, reconhece Isaías, Deus efetivamente já tinha descido ao meio do povo e as manifestações d’Ele ainda foram superiores às cósmicas: “Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos; sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das vossas mãos”. O facto de Deus nos moldar como obra Sua é uma manifestação muito maior do seu poder do que seria fazer tremer os montes! Porque é manifestação de que Ele é Pai e nos ama. E é este amor de Deus por nós (e não o seu poder de fazer estremecer montes!) que justifica que nós abandonemos o pecado e acolhamos a sua salvação.

Lida a esta luz, a recomendação de Jesus aos seus discípulos para vigiarem não se refere a qualquer espécie de fim do mundo “cósmico”, mas a uma atenção permanente ao lugar que damos a Deus na nossa vida. Deus, para nós, é Aquele que faz estremecer montanhas ou Aquele que é nosso Pai e nos ama? A salvação que Deus nos oferece em Jesus Cristo revela que Ele é muito mais poderoso do que se apenas fosse capaz de fazer estremecer montanhas para acabar com o mundo. Destruir é de fracos; dos fortes, é construir.

Além disso, Deus age no mundo, sempre, permanentemente, como Oleiro que constrói uma nova criação, a criação redimida pelo corpo e sangue de Jesus Cristo. Mas, mais uma vez, é uma ação silenciosa, como que se fosse oculta; uma ação que não faz estremecer montanhas. Uma imagem possível para este silêncio e esta ocultação talvez seja a noite. Não deixa de ser curioso que Jesus não coloque a hipótese do dono da casa chegar de dia, mas apenas de noite, referindo uma por uma as quatro vigílias em que os judeus dividiam a noite. Sim, é no escuro e no silêncio que temos que procurar e encontrar as mãos de Deus que moldam as suas criaturas amadas. Não no escuro e silêncio físicos, na noite física, mas no escuro e no silêncio da não espetacularidade. E felizes aqueles que, vigiantes, conseguem perceber, no quotidiano simples das suas vidas e das vidas dos outros, a poderosa ação amorosa e criadora de Deus.

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