Notícias

4 de janeiro – Solenidade da Epifania do Senhor

Peregrinações

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está __ perguntaram eles __ o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho. (Mateus)

Já aqui dissemos em anos anteriores, repetidamente, que neste evangelho estamos perante uma densa reflexão teológica sobre o significado do nascimento de Jesus. Parece um daqueles textos que são o testamento final de alguém que concentrou toda a sua vida a refletir sobre algo. Quase poderíamos dizer que Mateus condensa aqui a reflexão de toda a sua vida sobre o Mistério da Incarnação e da Redenção. E no centro desta reflexão temos a mesma ideia que encontrámos na semana passada em Lucas (Cântico de Simeão): Jesus é a luz das nações. Ideia que também S. Paulo apresenta na 2ª Leitura da missa de hoje, como fruto de uma revelação pessoal: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.
Mas, ao mesmo tempo que Mateus afirma Jesus luz das nações e a universalidade da sua salvação, faz também uma reflexão sobre as condições exigidas às nações para acolherem essa luz que as pode iluminar pelo caminho da salvação (o “outro caminho”, que não o da morte proposto por Herodes). Essas condições são as de peregrinação em busca da verdade.
Como ensina o Sr. Bispo na catequese de natal que fez a um grupo de crianças e que veio no Correio de Coimbra da semana passada, a caraterística principal destes “Magos vindos do Oriente” não é serem “reis”, mas serem sábios, ou ainda melhor, serem apaixonados pela sabedoria!: Pessoas sempre em busca da verdade; pessoas que não estão cheias de orgulho pelo que sabem, mas cheias de humildade perante tudo o que ainda não sabem; pessoas que sabem que ainda não atingiram o topo do conhecimento, e por isso perscrutam todos os “sinais” que as podem levar a esse conhecimento. E que, depois, seguem os “sinais”…
Os Magos, portanto, antes de serem peregrinos da Gruta do Nascimento, são peregrinos dentro de si mesmos, como refere o nosso Bispo. Estão numa incessante caminhada interior de procura da verdade. Sendo uma caminhada interior, diz respeito a cada um deles. Nesse sentido, também cada um de nós, hoje, pode estar sintonizado com estes Magos, em busca da verdade, ou pode estar sintonizado com Herodes, incapaz de dar um passo de peregrinação interior para a verdade, antes temendo-a, recusando-a, matando-a se preciso for. Mas Mateus diz que toda a Jerusalém participou do medo de Herodes. Ou seja, Mateus vê aqui uma diferença, diríamos, sócio-religioso-cultural. Jerusalém, como um todo, na sua identidade cultural, religiosa, social, vive na arrogância do seu privilégio de povo eleito por Deus e, por isso, já não peregrina interiormente, já não cresce, já não busca a verdade. Nesse sentido, também na nossa sociedade ocidental atual há muito desta Jerusalém incapaz de peregrinar interiormente, de se desinstalar para seguir os sinais que apontam para o Salvador do mundo. E nós participamos desta sociedade! Como peregrinamos ou nos recusamos a peregrinar para a Luz das nações?

Partilhar:

Deixe uma resposta

Cáritas

A Cáritas Portuguesa é um serviço da Conferência Episcopal Portuguesa. É membro da Cáritas Internationalis, da Cáritas Europa, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, da Confederação Portuguesa do Voluntariado, da Plataforma Portuguesa das ONGD e do Fórum Não Governamental para a Inclusão Social.

Cáritas em Portugal

Contactos

Rua D. Francisco de Almeida, n 14
3030-382 Coimbra, Portugal

239 792 430 (Sede) – Chamada para rede fixa nacional

966 825 595 (Sede) – Chamada para rede móvel nacional

239 792 440 (Clínica) – Chamada para rede fixa nacional

 caritas@caritascoimbra.pt

NIF: 501 082 174

Feed

 

Comunicação Institucional