Notícias

7 de dezembro – 2º domingo do advento

Descentrado no Cristo, o Filho de Deus


Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Está escrito no profeta Isaías: «Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o teu caminho. Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’». Apareceu João Baptista no deserto a proclamar um batismo de penitência para remissão dos pecados. Acorria a ele toda a gente da região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. João vestia-se de pelos de camelo, com um cinto de cabedal em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. E, na sua pregação, dizia: «Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu batizo-vos na água, mas Ele batizar-vos-á no Espírito Santo». (Marcos)

A Primeira coisa que notamos no Evangelho da missa de hoje é que este texto é o “princípio do evangelho” de Marcos, o evangelista que será o nosso catequista ao longo deste novo ano litúrgico. Mas Marcos não diz que é o princípio do seu evangelho, mas sim do “Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. De facto, nós utilizamos a palavra “evangelho” em dois sentidos: no sentido dos livros escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João sobre a vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus; e no sentido do Reinado de Deus presente no mundo através de Jesus de Nazaré, isto é, no sentido da grande Boa-Nova de que Deus não abandonou o Mundo, mas está presente e a agir amorosamente no mundo pela ação do Espírito Santo, e nos salva, a nós homens e mulheres pecadores, como filhos e filhas amados(as), pelo mérito de Jesus Cristo, Filho de Deus. Para diferenciar estes dois sentidos da palavra “evangelho” até costumamos escrever “evangelho” com letra minúscula quando nos referimos aos textos, e “Evangelho”, com letra maiúscula, quando nos referimos à salvação da humanidade pecadora por Deus, através de Jesus Cristo.

A expressão “Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” é o título do evangelho de Marcos. Mas é muito mais do que um título. É toda uma confissão de fé, a encabeçar e a dar o sentido final a tudo o que Marcos vai dizer da primeira à última linha do seu evangelho: confessa que Jesus é o Cristo, isto é, o Messias esperado pelos judeus desde há séculos, mas ao mesmo tempo confessa-O como Deus Filho. Fica claro, logo de início, que o Messias não é apenas um homem a quem Deus confia uma missão especial, como fora Moisés, mas que é o próprio Deus a levar por diante essa missão de libertação do povo da escravidão do pecado pela pessoa de Deus Filho. Este título é o CREDO fundamental da fé cristã.

Depois, logo a seguir ao título do livro, Marcos introduz Jesus – o Cristo e o Filho de Deus – na História da Salvação e nas expetativas messiânicas. Para isso, cita o profeta Isaías naquela passagem que ouvimos na Primeira Leitura: “preparai no deserto o caminho do Senhor, abri na estepe uma estrada para o nosso Deus”. Este texto de Isaías abria à ideia messiânica de um “precursor”, de alguém que viria antes do Messias a preparar a sua vinda. Portanto, se Marcos quer afirmar logo no início do seu evangelho que Jesus era o Messias, tinha que provar que a preparação para a sua vinda tinha sido realmente efetuada. E Marcos faz essa prova através da figura de João Batista, que apresenta como o tal “precursor” e como um profeta. Apresenta-o como o precursor, dizendo que a sua mensagem atingiu “todos” e transformou “todos”: pregava um batismo de arrependimento e “todos” da província da Judeia e “todos” os habitantes de Jerusalém saiam ao seu encontro, eram batizados e confessavam os seus pecados. E apresenta-o como profeta, mostrando que ele se veste e se alimenta como os profetas. Apresentando-o como profeta, Marcos cria uma continuidade entre a História da salvação, no Antigo Testamento, e a salvação oferecida por Jesus, o Cristo e o Filho de Deus.

Mas apesar desta extrema importância de João Batista, Marcos só lhe dá o palco mínimo obrigatório para o reconhecermos como “precursor” e “profeta”. Do discurso de João que levava “todos” ao batismo, ao arrependimento e à confissão dos pecados, nem uma palavra nos é dita. O centro deste texto do evangelho, não é João Batista. É Jesus, o Cristo. João vive descentrado no Cristo. E as únicas palavras que Marcos regista do profeta João são aquelas que apontam para Jesus de Nazaré como o Filho de Deus, o Ungido que batiza no Espírito Santo.

Partilhar:

Deixe uma resposta

Cáritas

A Cáritas Portuguesa é um serviço da Conferência Episcopal Portuguesa. É membro da Cáritas Internationalis, da Cáritas Europa, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, da Confederação Portuguesa do Voluntariado, da Plataforma Portuguesa das ONGD e do Fórum Não Governamental para a Inclusão Social.

Cáritas em Portugal

Contactos

Rua D. Francisco de Almeida, n 14
3030-382 Coimbra, Portugal

239 792 430 (Sede) – Chamada para rede fixa nacional

966 825 595 (Sede) – Chamada para rede móvel nacional

239 792 440 (Clínica) – Chamada para rede fixa nacional

 caritas@caritascoimbra.pt

NIF: 501 082 174

Feed

 

Comunicação Institucional