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10 de maio de 2015 – 6º domingo da páscoa

Um amor unidirecional


Pedro chegou a casa de Cornélio. Este veio-lhe ao encontro e prostrou-se a seus pés. Mas Pedro levantou-o, dizendo: «Levanta-te, que eu também sou um simples homem». Pedro disse-lhe ainda: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz aceção de pessoas (Atos dos Apóstolos)

Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados. (1ª João)

Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.(João)


O Evangelho coloca-nos diante do “mandamento do amor” dado por Jesus aos seus discípulos na Última Ceia: “É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei”.

O problema que fica por resolver – como se interrogava a propósito deste texto o Papa Bento XVI, na sua primeira encíclica – é: mas pode o amor ser mandado? O amor não é gratuidade? Um amor que é “obrigação” é amor? E respondia o próprio Bento XVI: o amor não pode ser mandado. Amar os irmãos como uma “exigência exterior” da fé, só “porque Jesus mandou”, não é amor.

Então, o que manda Jesus verdadeiramente? Que nos abramos o seu amor. Que experimentemos ser amados. De facto, S. João, na 2ª Leitura, centra a questão da relação amorosa entre Deus e o homem de um modo admirável. Nós às vezes vemos esta relação num único sentido, de baixo para cima: nós devemos amar a Deus! Ora o que S. João nos diz é que é Deus quem toma a iniciativa do amor para connosco. E toma essa iniciativa, mesmo estando nós em pecado, isto é, em atitude de O recusarmos. Assim, podemos dizer que o amor, de facto, só tem um sentido, mas exatamente o sentido contrário ao que nós normalmente lhe atribuímos: é amor de Deus para nós, e só nesse sentido.

Curiosamente, o evangelho volta a apresentar este amor unidirecional de Deus para nós: Jesus não diz “como o Pai me amou também eu O amei a Ele”, mas sim “como o Pai Me amou, também eu vos amei”: o Pai ama o Filho; o Filho ama-nos a nós. Só num sentido, de cima para baixo! Então e nós? Responde Jesus: se experimentastes o meu amor, prolongai-o agora no mesmo sentido, amando os irmãos. O Pai amou-me a mim, eu amei-vos a vós, vós amai os irmãos. Então, o amor aos irmãos não é uma “obrigação exterior”, mas algo que brota interiormente, que nasce do coração, como a expressão mais pura do amor experimentado na relação com Jesus de Nazaré.

Nesta lógica, a conclusão só pode ser uma: não fomos nós que amámos Jesus; foi ele que nos amou e nos destinou para irmos e darmos fruto e o nosso fruto permanecer. Então, amar a Deus é dar frutos de amor junto dos irmãos!

Dar fruto junto de todos os irmãos, porque Deus é pai de todos. Chegar aqui é extremamente difícil. Tão difícil que o Livro dos Atos dos Apóstolos aponta esta conclusão como o ponto máximo da caminha de fé de Pedro: Na verdade, eu reconheço (hoje, agora, aqui) que Deus não faz aceção de pessoas e que eu sou igualzinho a ti, Cornélio, um simples homem, ambos infinitamente amados de Jesus de Nazaré.

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