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25 de Abril – 4º Domingo da Páscoa

Actos 13, 14.43-52; Sl 99; Ap 7, 9.14b-17; Jo 10, 27-30

Deus é maior do que a religião

Jesus respondeu-lhes: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só». (João)
 

Deus é maior do que a religião

         O 4º Domingo da Páscoa é o Dia do Bom Pastor. A imagem do Bom Pastor é mais do que um recurso de Jesus a uma imagem da vida comum para ser compreendido pelos seus contemporâneos. E também nada tem a ver com a dicotomia entre “pastores” e “rebanho” que depois se veio a implementar na Igreja. Trata-se, sim, de uma imagem bíblica repetidamente atribuída pelo Antigo Testamento ao próprio Deus. Portanto, quando Jesus diz que é o Bom Pastor, reivindica logo que assume o papel do próprio Deus. A imagem não tem nada de poético, de idílico campestre, ou de organizativo, mas de teológico.
 
         Mesmo assim, enquanto mera “teologia”, é passível de discussões relativamente serenas. Por exemplo, Jesus, segundo o relato de S. João, já antes fizera uso da imagem do Bom Pastor. Mas introduzira no discurso a originalidade do Bom Pastor ser aquele que dá a vida pelas ovelhas, o que acabou por ter como efeito provocar o desentendimento entre os judeus, uns fazendo chacota, outros percebendo muita inteligência nesta leitura…
 
         Se, agora, situarmos estas discussões com Jesus e sobre Jesus no contexto da forte expectativa messiânica em que acontecem, percebe-se que haja uma pergunta sempre subjacente no espírito dos judeus: será Ele realmente o Messias, ou apenas um charlatão?! Que o Messias seja um “Bom Pastor”, enquanto lugar-tenente de Deus não oferece nenhum problema; antes pelo contrário, é isso que dele se espera: alguém que conduza o povo com a força de Deus, como Moisés! Mas é exactamente nesta expectativa de “força de Deus” que Jesus falha! Ao contrário, diz que o bom pastor morre… Pouco a pouco, os judeus deixam de centrar as controvérsias na teologia, para tentarem apanhar Jesus em falta…As discussões são cada vez mais duras, mais violentas, mais agressivas (com os judeus a apanharem pedras para lhe atirarem ou a expulsarem-no…)
 
         Este pedacinho do Evangelho que lemos relata-nos como que o momento da “explosão final” das controvérsias entre Jesus e os chefes religiosos judeus. Os judeus querem, duma vez por todas, preto no branco, uma resposta clara: “Se és o messias, di-lo claramente”. E a resposta de Jesus é: “Eu e o Pai somos um”.
 
         Em termos religiosos, Jesus está a blasfemar! E o castigo para a blasfémia, segundo a Lei de Moisés, é a lapidação. Por isso, na Bíblia, logo a seguir a este texto, se diz que “os judeus voltaram a pegar em pedras para lhe atirar”! Jesus defende-se, repondo a questão em termos teológicos, afirmando que Deus é maior do que todos (mesmo do que Moisés, que deu a Lei). Por isso, ele não considera que esteja a blasfemar, mas sim a ser totalmente fiel ao que Deus quer dele. E acrescenta ainda mais um elemento na discussão teológica: o bom pastor não dá só a vida pelas suas ovelhas, mas dá a vida às ovelhas, e a vida eterna!…
 
         Todavia, já era inverno!- como diz S. João quando começa a descrever esta discussão! Os judeus já não tinham qualquer interesse em discussões teológicas. Tinham regelado o seu coração. Apenas viam um objectivo: desfazerem-se de Jesus. No Evangelho de João é verdadeiramente a partir desta cena, desta afirmação última com que se encerram todas as discussões teológicas – “Eu e o Pai somos um” -, que se torna claro o destino final de Jesus: a morte.
 
                Dissemos que Jesus introduz duas novidades teológicas na imagem do Bom Pastor: que o bom pastor é aquele que dá a vida pelas suas ovelhas e que é aquele que dá toda a vida (vida eterna) às suas ovelhas. E diz ainda que nenhum pastor humano, religioso ou não – nem todos juntos – é maior do que Deus. Convém percebermos isto: É Deus quem mede a Igreja e não a Igreja que mede Deus. E Deus mede a Igreja pela qualidade com que cada cristão (bispo, padre ou leigo) dá a vida pela humanidade e dá a vida eterna à humanidade: porque todos os homens e mulheres são filhos e filhas de Deus.
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