Notícias

27 de Junho – XIII Domingo do Tempo Comum

1 Reis 19, 16b.19-21; Sl 15; Gal 5, 1.13-18; Lc 9, 51-62

Três condições introdutórias ao discipulato

           Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém e mandou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem. Mas aquela gente não O quis receber, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: «Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?» Mas Jesus voltou-Se e repreendeu-os. E seguiram para outra povoação. Pelo caminho, alguém disse a Jesus: «Seguir-Te-ei para onde quer que fores». Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm as suas tocas e as aves do céu os seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça». Depois disse a outro: «Segue-Me». Ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai». Disse-lhe Jesus: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, vai anunciar o reino de Deus». Disse-Lhe ainda outro: «Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família». Jesus respondeu-lhe: «Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus». (Lucas)

 

Três condições introdutórias ao discipulato

            Depois do período da Galileia, em que Jesus – por palavras e obras – se manifesta como o Messias esperado, período este que Lucas encerrou com um resumo (como vimos há duas semanas atrás), e depois da “avaliação” com os discípulos desse período (que vimos no Domingo passado), Jesus toma agora, segundo o evangelho de hoje, “a firme resolução” de se dirigir a Jerusalém.
 
            Esta caminhada para Jerusalém, anunciada logo na introdução como caminhada para a paixão, morte e ressurreição (“aproximando-se os dias de ser levado deste mundo”) vai ser aproveitada por Lucas para nos catequizar progressivamente sobre as condições para ser discípulo de Jesus, agora que já sabemos que Ele é verdadeiramente o Messias por que ansiava todo o povo e todos nós continuamos a ansiar.
 
            Apresentado este plano, Lucas faz-nos no evangelho da Missa de hoje como que três pré-avisos: i. o discípulo de Cristo tem que estar preparado para ser recusado sem fazer disso um drama de vida ou morte; ii. cada pessoa concreta reage de modo diferente quando colocada em situação de “seguir” Jesus de Nazaré. iii. independentemente dessa reacção pessoal, a radicalidade é total para todos os que queiram seguir Jesus.
 
            É importante notar, ao contrário do que às vezes parece ser dito, que não há aqui nenhuma avaliação moral de Jesus sobre nenhum destes potenciais discípulos. Há simplesmente a apresentação de três grandes exigências para se ser discípulo de Jesus de Nazaré, ou mais simplesmente, para se ser cristão: desprendimento material, desprendimento afectivo, perseverança. Três exigências que se colocam para todos os discípulos e não só para os discípulos “consagrados”… De facto, Lucas fala de três “alguéns” anónimos… Este anonimato cobre o nome de cada um de nós, homem ou mulher, novo ou velho.
 
            S. Lucas, muito mais que Mateus ou Marcos, coloca Jesus preferencialmente na linha do profetismo. Por exemplo, nestas três exigências são claros os paralelos com os antigos profetas. Mas em todas elas aparece uma radicalidade que ultrapassa as maiores exigências que os profetas do Antigo Testamento tinham feito ou sentido. Aliás, anda por aí um livro sobre Jesus de Nazaré que põe um acento muito forte nesta exigência de deixar que os mortos enterrem os mortos, como uma exigência que terá escandalizado sobremaneira os seus contemporâneos, porque para eles enterrar os mortos era um dever sagrado. Em boa verdade, não há fundamento bíblico que mostre tal escândalo, nem sequer podemos dizer que esta tenha sido uma frase literal de Jesus, e menos ainda que Jesus tenha pretendido que os mortos não fossem enterrados. O evangelho sublinha apenas (e não é nada pouco!) a radicalidade a que é chamado quem quer ser cristão.
 
                Quanto à recusa dos samaritanos, Jesus sabe que a sua pretensão de ter acolhimento entre eles é social e culturalmente arriscada. Tenta… e falha! Mas com esse gesto de lhes pedir acolhimento introduz os discípulos ‘numa atitude que o judaísmo desconhecia: a boa nova do amor de Deus é para ser anunciada a todos, mesmo àqueles que, por causa das suas tradições e convicções não nos agradam… Já agora, em tempos actuais, vale a pena interrogarmo-nos sobre o modo como nós hoje também acolhemos os estrangeiros que vivem, estudam ou trabalham entre nós! Como discípulos de Jesus ou como os samaritanos daquela aldeia que João queria incendiar?
Partilhar:

Deixe uma resposta

Cáritas

A Cáritas Portuguesa é um serviço da Conferência Episcopal Portuguesa. É membro da Cáritas Internationalis, da Cáritas Europa, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, da Confederação Portuguesa do Voluntariado, da Plataforma Portuguesa das ONGD e do Fórum Não Governamental para a Inclusão Social.

Cáritas em Portugal

Contactos

Rua D. Francisco de Almeida, n 14
3030-382 Coimbra, Portugal

239 792 430 (Sede) – Chamada para rede fixa nacional

966 825 595 (Sede) – Chamada para rede móvel nacional

239 792 440 (Clínica) – Chamada para rede fixa nacional

 caritas@caritascoimbra.pt

NIF: 501 082 174

Feed

 

Comunicação Institucional