Notícias

19 de janeiro – 2º domingo comum


Descobrir o “Cordeiro” pelo “testemunho” da Igreja


João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É d’Ele que eu dizia: ‘Depois de mim vem um homem, que passou à minha frente, porque era antes de mim’. Eu não O conhecia, mas foi para Ele Se manifestar a Israel que eu vim batizar na água». João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou a batizar na água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer é que batiza no Espírito Santo’. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus». (João)

Acabámos as festas natalícias e celebrámos já a Festa do Batismo de Jesus. A partir de agora, a liturgia de cada domingo convida-nos a acompanhar o desenrolar da vida de Jesus desde esse momento do batismo até à sua morte e ressurreição. E, neste ano, convida-nos a fazer essa caminhada seguindo o evangelista Mateus. Mas, neste domingo, a liturgia esquece Mateus e recorre ao evangelho de João para nos contextualizar sobre o que é que somos convidados a descobrir e sobre como somos convidados a descobrir. Somos convidados a descobrir “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”; e somos convidados a descobri-Lo através do testemunho daqueles que tiveram a profunda experiência da Sua vida, paixão, morte e ressurreição.

O evangelista João dá extrema importância ao “testemunho”. A palavra “testemunho” encontra a sua semântica mais antiga nos “testículos”, como lugar onde se gera a transmissão da vida de pai a filho. Depois, em termos materiais, “testemunho” veio a ser o nome dado àquela espécie de pau que os atletas transmitem uns aos outros nas corridas de estafetas. Supõe que alguém entrega a outrem que o segue aquilo que recebeu de outrem que o precedeu. Esse “testemunho” é a garantia da unidade e continuidade, sem ruturas, de uma única prova, embora corrida por blocos sucessivos de atletas. É nesta lógica que, para o evangelista João, Jesus é o testemunho do Pai e a Igreja é testemunha de Jesus: Jesus transmitiu-nos fielmente o que recebeu do Pai, e os apóstolos transmitiram-nos fielmente o que receberam de Jesus. Por isso, a mensagem que nos chega através do testemunho dos apóstolos, da Igreja, é a mensagem original do próprio Pai. Como diz o mesmo João, a terminar a “introdução” ao seu evangelho, “a Deus nunca ninguém o viu; o seu Filho é que no-Lo deu a conhecer” (cf Jo 1, 18). Isto é de tal modo importante para João que ele começa e encerra o seu evangelho com um “testemunho” sobre Jesus: no início, o testemunho de João Batista, que lemos hoje neste texto; no final, o seu próprio testemunho.

Portanto, ao longo deste ano vamos ser convidados a descobrir Jesus, não já olhando a sua vida tal e qual aconteceu, porque a essa realidade já não temos acesso, mas a partir do testemunho das pessoas credíveis que com ele privaram e que dele tiveram a experiência original, experiência esta que cada um viveu e assimilou de um modo particular (João, de um modo; Mateus, de outro; etc.), mas que é fiel, porque é testemunhal; e, depois, através da experiência sucessiva dos cristãos que ao longo dos séculos receberam e retransmitiram esse “conhecimento” de Deus revelado em Jesus Cristo.

Já agora, um parêntesis para reparar que quando as seitas falam de “revelações extraordinárias” de Deus a algum seu fundador, se colocam fora desta “cadeia do testemunho”, ou até contra ela. Mas, como vemos, para o evangelista João, tal é impossível, porque não é esse o modo de Deus Se revelar ou de alguém descobrir Jesus de Nazaré.

Somos convidados a descobrir não uma pessoa qualquer, mas “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. A figura do “cordeiro” estava carregada de conotações religiosas para os judeus, que iam desde a libertação do Egito (onde foram imolados os cordeiros pascais) até ao “bode expiatório” que era carregado ritualmente com os pecados do povo e lançado no deserto, na festa litúrgica do Kippur. Em todo o caso, há dois elementos comuns a essas imagens: morte (do cordeiro) e libertação (das pessoas). É isso: somos convidados a descobrir em Jesus o próprio Filho de Deus, não numa dimensão triunfalista, e de algum modo ditatorial, mas na dimensão serviçal de entrega até à morte, morte através da qual somos libertados para a vida. E uma Vida em totalidade, porque Ele tira o pecado do mundo.

Partilhar:

Deixe uma resposta

Cáritas

A Cáritas Portuguesa é um serviço da Conferência Episcopal Portuguesa. É membro da Cáritas Internationalis, da Cáritas Europa, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, da Confederação Portuguesa do Voluntariado, da Plataforma Portuguesa das ONGD e do Fórum Não Governamental para a Inclusão Social.

Cáritas em Portugal

Contactos

Rua D. Francisco de Almeida, n 14
3030-382 Coimbra, Portugal

239 792 430 (Sede) – Chamada para rede fixa nacional

966 825 595 (Sede) – Chamada para rede móvel nacional

239 792 440 (Clínica) – Chamada para rede fixa nacional

 caritas@caritascoimbra.pt

NIF: 501 082 174

Feed

 

Comunicação Institucional