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28 de Março – Domingo de Ramos

DOMINGO DE RAMOS NA PAIXÃO DO SENHOR
Is 50, 4-7; Salmo 21; Filip 2, 6-11; Lc 22, 14 __ 23, 56

Condenado pelos grandes e poderosos

              Ao romper do dia, reuniu-se o conselho dos anciãos do povo, os príncipes dos sacerdotes e os escribas. Levaram-n’O ao seu tribunal. [Depois] levantaram-se todos e levaram Jesus a Pilatos. Começaram a acusá-l’O, dizendo: «Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo, a impedir que se pagasse o tributo a César e dizendo ser o Messias-Rei».

Pilatos perguntou-Lhe: «Tu és o Rei dos judeus?» Jesus respondeu-lhe: «Tu o dizes». Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: «Não encontro nada de culpável neste homem». Mas eles insistiam: «Amotina o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui». Ao ouvir isto, Pilatos perguntou se o homem era galileu; e, ao saber que era da jurisdição de Herodes, enviou-O a Herodes, que também estava nesses dias em Jerusalém.

Ao ver Jesus, Herodes ficou muito satisfeito. Havia bastante tempo que O queria ver, pelo que ouvia dizer d’Ele, e esperava que fizesse algum milagre na sua presença. Fez-Lhe muitas perguntas, mas Ele nada respondeu. Os príncipes dos sacerdotes e os escribas que lá estavam acusavam-n’O com insistência.

Herodes, com os seus oficiais, tratou-O com desprezo e, por troça, mandou-O cobrir com um manto magnífico e remeteu-O a Pilatos.(…)

Pilatos convocou os príncipes dos sacerdotes, os chefes e o povo, e disse-lhes: «Trouxestes este homem à minha presença como agitador do povo. Interroguei-O diante de vós e não encontrei n’Ele nenhum dos crimes de que O acusais. Herodes também não, uma vez que no-l’O mandou de novo. Como vedes, não praticou nada que mereça a morte. Vou, portanto, soltá-l’O, depois de O mandar castigar». (…)

Mas eles gritavam: «Crucifica-O! Crucifica-O!» Pilatos falou-lhes pela terceira vez: «Mas que mal fez este homem? Não encontrei n’Ele nenhum motivo de morte. Por isso vou soltá-l’O, depois de O mandar castigar». Mas eles continuavam a gritar, pedindo que fosse crucificado, e os seus clamores aumentavam de violência.

Então Pilatos decidiu fazer o que eles pediam.(Lucas)

Condenado pelos grandes e poderosos

                Os relatos da paixão (ou os textos originais nos quais os evangelistas depois se basearam) foram certamente os primeiros textos dos evangelhos a serem escritos, e são conhecidos e usados por todos os quatro evangelistas, de tal modo que aqui poderíamos fazer como que uma sinopse dos quatro evangelhos.

                Apesar disso, os evangelistas mantêm características pessoais bem evidentes. Por exemplo, em Lucas, cujo relato se lê este Domingo, predomina uma perspectiva profética sobre a perspectiva cultual ou sacrificial; à maior angústia de Jesus no monte das Oliveiras, contrapõe-se uma maior serenidade e doçura na cruz: na cruz, Jesus não se sente abandonado de Deus; na cruz, Jesus perdoa aos que O matam, e pede perdão para eles ao Pai, justificando essa falta com a ignorância… Lucas tem mesmo narrações “exclusivas”: é só ele que refere, por exemplo, que Pilatos consultou Herodes durante o processo de Jesus.

                Apesar de todas estas particularidades da narração de Lucas, talvez aquilo que mais o diferencia dos outros evangelistas é o isentar o povo de qualquer culpa na morte de Jesus. Para Lucas é evidente que aquela morte foi tramóia dos “grandes”: do Sinédrio, pela pressão; de Herodes, pela sua degradação moral e cívica; de Pilatos, por sua demissão. E dentro destes, os mais culpados são certamente os membros do Sinédrio.

                A Palestina, no tempo de Jesus, sobretudo a Judeia, onde se situa Jerusalém, funcionava de facto como uma teocracia, isto é, um governo político exercido por um órgão religioso, que o faz em nome da sua função religiosa e apelando à autoridade do próprio Deus. Os romanos (ou Pilatos, se quisermos) reservam para si alguns direitos de justiça (por exemplo, o de condenação à morte) mas, desde que não houvesse tumultos e os impostos fossem pagos, estavam-se nas tintas para as questões de governo. Cumpridos aqueles dois requisitos, “lavavam as mãos” de tudo o mais, mesmo daquilo que reservavam como direito seu… Quem exercia o poder era o Sinédrio, um órgão colectivo constituído por sacerdotes, levitas e fariseus, e dominado pelo sumo sacerdote (no caso, por uma família sacerdotal extremamente poderosa).

                Afinal, nem tudo o que se faz em nome de Deus é santo; como diria D. Manuel Martins, “todo o poder corrompe, e o poder religioso mais do que todos”. O Sinédrio estava corrompido pelo seu próprio poder. Discute-se muito se a morte de Jesus foi por causas políticas ou religiosas…; Lucas prefere responder: por causas de grandeza e poder, sobretudo do poder que usa e instrumentaliza o Santo Nome de Deus.

 

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