1 de janeiro – Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus
Já “Jesus”, antes de ter sido concebido
O Senhor disse a Moisés: «Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’. Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei». (Números)
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os seus caminhos
e entre os povos a sua salvação. (Sl 66)
Os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno. (Lucas)
O Evangelho de hoje apresenta-nos (ou evoca) 5 atores: o Menino, Maria, José, os pastores e o Anjo. O Menino é o centro de toda a cena: tudo está em função de afirmar que Ele é o Messias esperado, mas ainda mais do que isso, que é verdadeiro Homem e verdadeiro Deus, o que estava para além das expetativas dos judeus sobre o Messias; José, que humanamente falando foi o grande gestor de todas as implicações daquele nascimento, cala-se em absoluto, deixando o cenário para Jesus; Maria medita o Mistério; os pastores acolhem o Mistério e reanunciam-no. Os pastores simbolizam os considerados “não dignos” pelos chefes religiosos judaicos. A lição de Lucas é inequívoca: são estes “últimos” da sociedade civil e religiosa quem primeiro se abre ao acolhimento do Messias e quem primeiro se faz seu anunciador!
A evocação do Anjo tem a ver com a solenidade que hoje celebramos, a solenidade de “Santa Maria, Mãe de Deus”. Por detrás do nome “Mãe de Deus” está a confissão na divindade de Jesus de Nazaré; o título “Mãe de Deus” não diz tanto de Maria, quanto de Jesus. Ela é a mãe daquele homem/menino que está aí, “deitado na manjedoura”; mas como esse menino é Deus, então podemos chamá-la também de mãe de Deus, e glorificá-la com esse título, que nos ajuda a penetrar na densidade do mistério da encarnação: Jesus é Deus já desde o ventre materno de Maria. E Lucas evoca a figura do Anjo exatamente para reforçar esta ideia da divindade de Jesus já no seio materno, ao dizer que o Anjo indicou o nome que lhe haviam de dar “antes de ter sido concebido no seio materno”. Ou seja, desde o primeiríssimo momento da sua conceção, Ele já era Jesus, já era Deus cumprindo a Sua Promessa de salvação.
Por coincidência, celebramos esta Solenidade no dia 1 de janeiro. E somos naturalmente “apanhados” por uma certa magia que há em cada início de um novo ano civil. De facto, a pessoa humana projeta-se sempre no futuro, alimenta-se da esperança, sonha uma amanhã melhor… e esta ideia de um tempo novo, um tempo “puro”, um tempo cheio de novas possibilidades, inunda os nossos sentimentos e as nossas emoções, mesmo quando racionalmente sabemos que a mudança das datas não muda em nada a realidade se não mudarmos o nosso coração, as nossas atitudes, os nossos comportamentos. Curiosamente, a Primeira Leitura e o Salmo podem ajudar-nos a pensarmos este mistério da esperança, ao insistirem na ideia de “benção”, que traduz a confiança em que Deus nos protege, nos conduz por caminhos de vida, por caminhos de bem, por caminhos de felicidade… e por caminhos de “paz”, como diz explicitamente a Leitura.
Recordemos que Paulo VI, aproveitando este sonho de uma nova realidade que nos vem espontaneamente no primeiro dia de cada ano, instituiu o dia 1 de janeiro como Dia Mundial da Paz. Para este ano de 2012, Bento XVI propõe que pensemos a construção de uma paz sólida e duradoira a partir da educação dos jovens. Já agora, voltando às personagens do Evangelho de hoje, o que podemos aprender com elas para a educação dos nossos jovens?
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