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27 de novembro – 1º domingo do advento

“Como folhas secas”

Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento. Ninguém invocava o vosso nome, ninguém se levantava para se apoiar em Vós, porque nos tínheis escondido o vosso rosto e nos deixáveis à mercê das nossas faltas. Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das vossas mãos. (Isaías)

Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor. (1ª Coríntios)

Disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!» (Marcos)

 

            Começamos neste domingo um novo ano litúrgico, tendo Marcos como o nosso “catequista” principal. Talvez que aquilo que faz de Marcos um evangelista extraordinário seja uma das suas grandes limitações: um conhecimento muito pobre da língua grega, que não era a sua. E é extraordinário por duas coisas: porque, pela causa do evangelho, tem o atrevimento de escrever numa língua estranha, em favor daqueles que só nessa língua o poderão ler! [quem de nós se atreveria a tanto?!]; e, depois, porque – não dominando a língua – não se perde em pruridos linguísticos, mas vai diretamente ao essencial: com dois ou três substantivos, ou com dois ou três verbos, diz tudo o que há a dizer sobre o assunto. Além disso, é um evangelho que segue de muito perto a pregação oral de S. Pedro, o que lhe confere um caráter muito fresco, muito vivo, muito testemunhal: o relato de quem viu, de quem sentiu, de quem fez uma longa caminhada na fé… 

            A liturgia deste primeiro domingo do Advento foi buscar ao texto de Marcos uma passagem de um dos dois únicos discursos de Jesus que aparecem neste evangelho. É um discurso sobre a Segunda Vinda de Cristo, escrito em linguagem apocalítica. Recordamos que a linguagem apocalítica é um género literário que usa de imagens fortes, números, cores, referências cósmicas, etc., para falar de algo que simplesmente não se quer dizer às claras (por exemplo, para os inimigos não entenderem do que se está a falar), ou para se falar de algo que se acredita, mas que não se sabe explicar, porque pertence ao Mistério de Deus, como é o caso da Segunda Vinda de Cristo. De qualquer modo, a linguagem apocalítica aponta sempre para um intervenção extraordinária de Deus a favor do seu povo.

            Ora, a maior de todas as intervenções extraordinárias (fora da normalidade) de Deus a favor do seu povo, foi a Incarnação do Filho na pessoa de Jesus de Nazaré! Este dado – um Deus incarnado – separa-nos de todas as outras religiões do mundo! Não só um Deus incarnado, mas um Deus despojado das suas prerrogativas divinas: um Deus que experimenta as limitações, todas as limitações da natureza humana, até ao máximo sofrimento da injustiça que o leva a uma morte terrível. Vamos ser claros desde o início: há dois natais em confronto: o apocalítico (mistério de Deus acreditado na fé), que a liturgia nos propõe; e o de folhas secas, na belíssima expressão de Isaías, apesar da sociedade de consumo no-lo vender muito colorido e luminoso. É sobre estes dois natais (ou melhor ainda, sobre estes dois estilos de viver no século XXI) que vale a pena reportar a insistente recomendação de Marcos: vigiai!

            De facto, quantas vezes “todos nós caímos como folhas secas, levados pelas nossas faltas”?! Só Deus, Pai e Oleiro do nosso barro, é fiel. E, porque é fiel, chama-nos sempre à comunhão com seu Filho!

            “Vigiai”, recomenda, pois, Marcos três vezes no seu discurso apocalítico, como ainda há três semanas nos recomendava Mateus. Em boa verdade, Marcos não diz só “vigiai”, mas também “acautelai-vos”. Para ele a vigilância é o exercício daquela “prudência”, daquele “bom senso”, daquele “saber agir” que faz com que o homem esteja sempre preparado para acolher Deus. Aliás, Marcos acrescenta que este é um desafio não só para os cristãos, mas para toda a humanidade. E quando olhamos à nossa volta, hoje ainda, percebemos bem que sim: nós certamente, mas também toda a humanidade dá muitos sinais de “folha seca”. E Jesus nasceu para revivificar toda a humanidade.

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