13 de abril – Domingo de Ramos na Paixão do Senhor
«Para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem»
Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou em alvoroço. «Quem é Ele?» __ perguntavam. E a multidão respondia: «É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia». (Mateus)
Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses)
Jesus chegou com os discípulos a uma propriedade, chamada Getsémani, e disse-lhes: «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar». E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-Se e a angustiar-Se. Disse-lhes então: «A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai comigo». E adiantando-Se um pouco mais, caiu com o rosto por terra, enquanto orava e dizia: «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice. Todavia, não se faça como Eu quero, mas como Tu queres». Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro: «Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo! Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca». De novo Se afastou, pela segunda vez, e orou, dizendo: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade». Voltou novamente e encontrou-os a dormir, pois os seus olhos estavam pesados de sono. Deixou-os e foi de novo orar, pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Veio então ao encontro dos discípulos e disse-lhes: «Dormi agora e descansai. Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores». (Mateus)
A Liturgia congrega no dia de hoje duas narrativas diferentes: a da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, alguns dias antes da sua morte; e a narração da última ceia pascal, prisão no Jardim das Oliveiras, julgamento, crucifixão e morte de Jesus.
Todos os sonhos, projetos, sinais, palavras e realizações de “Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia” esbarraram numa rede de interesses e poderes, arrogância e pecado, medo e deserção, e o profeta cuja simples presença faz alvoraçar toda a a Jerusalém é condenado em tribunal romano à cruentíssima morte na cruz.
Consciente de que o tempo acabara, Jesus aproveita a celebração com os seus discípulos da páscoa judaica para lhes dar um sinal de Si mesmo, como presença e serviço: o pão será o seu corpo entregue; o vinho será o seu sangue derramado. Depois, mais tarde, o Espírito Santo ajudará a perceber o Mistério destes sinais.
Acabada essa ceia pascal, Jesus sai na noite. Esconde-se ainda. Mas sobra à evidência que já de nada vale. Angustia-se. Enquanto os seus discípulos cedem ao desespero do sono, reza uma vez, reza segunda vez e reza uma terceira vez. Três vezes: a totalidade da conversa possível com o Pai! E a totalidade é totalidade mesmo: ele e o Pai são um no pensamento e no agir. Se há outro caminho possível a Deus, Jesus segui-lo-á; se não há outro caminho, abraçará este. Impotente perante a recusa humana, o Pai não tem outro caminho para lhe oferecer. O Pai está manietado – e o Filho com Ele – ainda antes de chegarem os guardas para o prenderem! Se assim é, porque importunar mais os discípulos?! Deixá-los dormir e descansar. O seu tempo chegará também.
Entretanto, um dos seus mais íntimos amigos, aquele que comia com ele do mesmo prato, sabe desse esconderijo no Jardim das Oliveiras e vai traí-lo, entregando-o às mãos dos seus inimigos. Um dos seus amigos mais íntimos…
Morrendo, escapa ao poder humano. Agora o Pai já pode agir poderosamente. E age! Que ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua o proclame O Senhor!
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