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6 de Junho – X Domingo do Tempo Comum

1 Reis 17, 17-24; Sl 29; Gal 1, 11-19; Lc 7, 11-17

O milagre da Caridade

        Jeus dirigia-Se para uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita gente da cidade. Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores». Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe. Todos se encheram de temor e davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo». E a fama deste acontecimento espalhou-se por toda a Judeia e pelas regiões vizinhas. (Lucas)

O milagre da Caridade

         Os biblistas vêem neste milagre uma espécie de preparação próxima para a resposta de Jesus à pergunta de João Batista sobre se ele era o messias. Jesus dá a entender que sim, porque, entre outros sinais, “os mortos ressuscitam” (Lc. 7, 22).
 
         Sem tirar esse valor de sinal já concretizado na ressurreição deste rapaz, o texto merece-nos muito mais reflexão.
Notemos em primeiro lugar que este é um relato exclusivo de S. Lucas, tal como um conjunto de outros textos relacionados com a misericórdia, a opção pelos pobres, a caridade (por exemplo, as parábolas do bom samaritano, do filho pródigo, de Lázaro e do rico avarento…). Em boa verdade, este é o milagre da caridade, tal como Lucas a entende.
 
Antes de falarmos desse entendimento, deixemos também já claro que para Lucas a caridade não se reduz a uma mera atitude individual. A Caridade é, antes de mais, uma acção da Igreja (discípulos e multidão que acompanha Jesus) diante de outra multidão que lhe é exterior e que sofre (muita gente da cidade).
 
E porque podemos dizer que esta é a parábola da caridade? Vejamos alguns elementos que nos ajudam a esta leitura.
Os vértices destes dois grupos que se encontram [e é o grupo de Jesus quem entra na cidade, quem vai ao encontro!], os vértices desses dois grupos são: Jesus e a viúva. Do próprio morto, mesmo tendo começado a falar, não ficou uma palavra! É como se não existisse. Por outras palavras, o milagre de Jesus é feito por atenção à mulher e não por atenção ao morto! “Compadeceu-se dela”, diz o texto. Evidentemente, ela chora porque perdeu o seu filho. Mas será que chora só por isso?!
 
Quando o evangelista nos avisa que ela era viúva e que aquele rapaz era o único filho, percebemos que há ali problemas muito mais complicados ainda que a perda de um filho: percebemos que aquela mulher, a partir daquele momento, estava condenada a morrer à miséria, porque nem tinha marido, nem tinha filho, e naquela sociedade os bens eram geridos pelos homens! É a esta viúva [não a esta mãe!], se quisermos, a esta mulher condenada a morrer à miséria, que Jesus faz um milagre! Por isso, como diz o evangelista, é dela que o Senhor se compadeceu, e é a ela que se dirige no início [não chores] e no fim [entregou-o à mãe].
 
Milagre da caridade, em absoluto! De resto, Jesus não evoca qualquer outro motivo nem faz qualquer exigência: não pede fé à mulher!; não lhe pede a conversão ou a renúncia a qualquer situação de pecado!; nem sequer diz que o milagre é para testemunhar seja o que for… Apenas pura gratuidade do seu amor. Caridade!
 
Por outro lado, Lucas tem uma visão extremamente rigorosa da caridade! Rigorosa, e tão simples como isto: a caridade que devemos ter uns para com os outros é a “reprodução” da caridade de Deus para connosco: assim como Deus nos amou, assim devemos amar as pessoas que sofrem alguma espécie de necessidade!
 
Isto é tão verdade que, se compararmos o milagre aqui narrado, a parábola do bom samaritano e a parábola do filho pródigo, encontramos nos três textos exactamente as mesmas expressões verbais: ver, compadecer-se, aproximar-se, agir, partilhar. Ora, também Deus viu a nossa aflição, ouviu o nosso clamor, Se compadeceu da nossa situação, desceu até nós, agiu por meio dos profetas e de Jesus de Nazaré, e deu mesmo a Sua vida por nós, em Jesus Cristo! Caridade é fazer assim também, sendo certo que cada uma destas palavras (ver, compadecer-se, aproximar-se, agir e partilhar) está carregada de consequências imensas, que já não cabe aqui explorar.
 
Vive o evangelho quem assim proceder. A Igreja é apenas a Igreja de Jesus Cristo quando “reproduzir” o milagre narrado no evangelho da missa de hoje. Então, de nós também se dirá que somos grandes profetas e que Deus visitou o seu povo! Seguramente, era na Igreja que Lucas pensava quando narrou este milagre!

 

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