Notícias

8 de maio – 3º domingo da Páscoa

O incontível grito da fé

            No dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: «Homens da Judeia e vós todos que habitais em Jerusalém, compreendei o que está a acontecer e ouvi as minhas palavras:  Jesus de Nazaré foi um homem acreditado por Deus junto de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus realizou no meio de vós, por seu intermédio,  como sabeis. Depois de entregue, segundo o desígnio imutável e a previsão de Deus, vós destes-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitou-O, livrando-O dos laços da morte, porque não era possível que Ele ficasse sob o seu domínio. Diz David a seu respeito: ‘O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei […]”. Foi este Jesus que Deus ressuscitou e disso todos nós somos testemunhas. Tendo sido exaltado pelo poder de Deus, recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo, que Ele derramou, como vedes e ouvis». (Atos dos Apóstolos)

            Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a duas léguas de Jerusalém. […] Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes. «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Pararam, com ar muito triste, e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias». […] Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?». Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. […] Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?». Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e […] contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão. (Lucas)


            Na primeira Leitura temos o relato de um discurso típico dos primeiros cristãos aos judeus. Estas pregações são conhecidas pelo termo técnico de kerygma, que traduz a ideia de “grito”, de uma proclamação que não pode ser contida…, que não cabe em nós. São discursos que têm sempre três elementos estruturais:

            – O acontecimento Jesus: Vida, Paixão e Morte, Ressurreição, Senhorio sobre toda a História…

            – Jesus é relido através das Escrituras. E as Escrituras são reinterpretadas através d’Ele.

            – Interpelação directa a quem escuta, um apelo de adesão.

            O evangelho “dos discípulos de Emaús” segue também esse esquema, mas reverte-o para o interior da própria comunidade inicial dos discípulos. Lucas reconduz-nos à sua tão amada ideia de caminho. O que ele vai fazer neste texto que lemos é relatar-nos o caminho da fé da primitiva comunidade cristã, não na pregação para fora, mas na sua própria reflexão.

            Depois da morte de Jesus, os discípulos – certamente tristes, frustrados – regressam à vida quotidiana. Entretanto começam a soar notícias que saem do normal: diz-se que o túmulo onde Jesus foi sepultado está vazio e ninguém sabe do corpo; diz-se que apareceu vivo a Madalena; diz-se que apareceu vivo a Pedro… Os antigos discípulos começam a discutir entre si a veracidade destas notícias… O espanto deixa-os aturdidos. Tais notícias chocam – mais ainda do que com a possibilidade de um morto voltar a viver – chocam sobretudo com a sua cultura religiosa: o messias esperado segundo a promessa das Escrituras seria um Triunfador!, seria o braço forte de Deus. Um morto numa cruz não podia ser, a título nenhum, esse Messias. Mas é exatamente quando começam a “ruminar” mentalmente sobre as Escrituras à luz dessa possibilidade impensável – que o Messias não fosse a força de Deus, mas a fraqueza de Deus – que os seus corações começam a arder por dentro, que tudo parece ganhar um novo e profundo sentido. Alguns voltam a Jerusalém, confirmam a sua fé com a fé dos irmãos, ouvem os diferentes testemunhos das Aparições, às vezes comem juntos, e nesse momento recordam vivamente a última ceia que viveram com Jesus… e abrem-se-lhes os olhos: Ele está mesmo Vivo; Deus afinal triunfou; Ele é o Senhor das suas vidas; o seu Espírito une-os agora em nova Comunidade. E o tal kerygma, o tal grito-apelo à fé relido nas Escrituras, torna-se incontível…

Partilhar:

Deixe uma resposta

Cáritas

A Cáritas Portuguesa é um serviço da Conferência Episcopal Portuguesa. É membro da Cáritas Internationalis, da Cáritas Europa, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, da Confederação Portuguesa do Voluntariado, da Plataforma Portuguesa das ONGD e do Fórum Não Governamental para a Inclusão Social.

Cáritas em Portugal

Contactos

Rua D. Francisco de Almeida, n 14
3030-382 Coimbra, Portugal

239 792 430 (Sede) – Chamada para rede fixa nacional

966 825 595 (Sede) – Chamada para rede móvel nacional

239 792 440 (Clínica) – Chamada para rede fixa nacional

 caritas@caritascoimbra.pt

NIF: 501 082 174

Feed

 

Comunicação Institucional