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15.11.2009 – XXXIII Domingo Comum

XXXIII DOMINGO COMUM
Dan 12, 1-3, Hebr 10, 11-14.18; Mc 13, 24-32

O templo da indestrutível comunhão com Deus

         Jesus disse aos seus discípulos: «Naqueles dias, depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. Ele mandará os Anjos, para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da terra à extremidade do céu. Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. Assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta. Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece: nem os Anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai». (Marcos)

O templo da indestrutível comunhão com Deus

         Neste Domingo (o penúltimo do ano litúrgico) a liturgia é marcada todos os anos pela ideia da Parusia, isto é, da segunda vinda de Cristo. A fé católica professa, de facto, uma segunda vinda de Cristo: “de novo há-de vir”, diz o credo, e a Igreja reza: “Vinde, Senhor Jesus”. Mas depois de confessar a fé nesta “segunda vinda”, ficamos mais ou menos sem mais nada para acrescentar, pois é um mistério que ultrapassa a nossa capacidade de compreensão. Deve acrescentar-se que a ideia da segunda vinda de Cristo é muito forte (mesmo prevalecente sobre as outras) nos primeiros cristãos, convencidos de que ainda aconteceria “na sua geração”. Eventualmente, estes relatos da Parusia serão até dos mais antigos textos escritos compilados nos evangelhos. Apesar disso, na altura da redacção final de Marcos muitos cristãos já começam a descrer de uma “Segunda Vinda”… Daí que, à afirmação dessa “vinda”, se somem agora explicações para o facto de ainda não ter acontecido, uma das quais era aquela de tal vinda ser um “absoluto de Deus”, tão absoluto de Deus que o próprio Jesus nunca definira um tempo para ela acontecer…
         Neste contexto, o que o Evangelho de Marcos faz é reafirmar, cimentar tão solidamente quanto lhe é possível, esse conteúdo nuclear da fé, que na altura em que ele escreve começava a ser posto em causa por muitos cristãos: Jesus há-de voltar nova e gloriosamente para levar consigo todos os seus para o seio do Pai. Para fazer esta afirmação, Marcos socorre-se sobretudo de dois instrumentos: da linguagem apocalíptica e do imaginário do templo de Jerusalém.
          A linguagem apocalíptica, como sabemos, usa o recurso a imagens e símbolos “fortes” como modo de comunicação. Normalmente era usada em contextos de submissão do povo a um poder estrangeiro, como modo de incentivar a esperança do povo numa intervenção “forte” de Deus a seu favor: a mensagem era relativamente simples: Deus vai intervir e vencer! As imagens e símbolos sobrepõem-se uns aos outros apenas para reforçar uma e outra vez esta ideia. Também este Evangelho, no fundo, diz apenas isso: Jesus vai vir! E reforça esta afirmação com múltiplas imagens apocalípticas. Aliás, as imagens de “grande aflição”, “sol escurecido”, “estrelas a cair”, “abalos”, etc., são imagens já usadas nos textos apocalípticos do Antigo Testamento com essa intenção de anunciarem e alimentarem junto do povo a intervenção salvadora de Deus.
         O recurso ao imaginário do templo acrescenta, todavia, algo que os apocalipses nunca tinham dito. Vimos na semana passada que o templo dominava religiosa, social, económica e arquitectonicamente toda a cidade de Jerusalém. Era uma (re)construção grandiosa, aliás ainda em acabamento… Diante daquele cenário grandioso, um dos discípulos, entre o espanto e a maravilha, vira-se para Jesus e diz: “Repara, Mestre, que pedras e que construções!”(Mc. 13,1). No versículo seguinte, Jesus responde ao tal discípulo: “dessas grandes construções, não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. (E, de facto, tudo foi destruído no ano 70 pelos romanos). E logo no versículo seguinte (13,3) o evangelista diz-nos que estavam sentados no Monte das Oliveiras “frente ao templo”, quando alguns apóstolos lhe perguntaram quando seria isso. É, pois, num cenário de confronto entre a omnipresença e a destruição absoluta do templo, que Marcos situa a afirmação da segunda vinda de Cristo.
                Ele virá, sim, mas tal não será uma mera “segunda vinda”! Ele virá como o novo templo, o templo verdadeiramente indestrutível, o templo que alimenta a fome de Deus que as pessoas têm, o templo da grande e definitiva comunhão entre Deus e as pessoas. A omnipresença futura, o espanto futuro, a maravilha futura – indestrutível – é Ele! O futuro não é de medo nem de morte, mas de vida e de comunhão absoluta de Deus com o seu povo.
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