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11 de dezembro – 3º domingo do advento

Anúncio e denúncia à beira do Jordão

Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?» Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?» «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então, porque baptizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu baptizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão, onde João estava a baptizar. (João)

            O evangelista Marcos não tem as narrações da infância de Jesus. Depois da pregação de João Batista à beira do Jordão, que lemos na semana passada, passa para o batismo de Jesus. Por isso a liturgia, neste tempo de advento, vai buscar a outros evangelistas narrativas que nos insiram no espírito de preparação do Natal. Hoje temos um texto de São João.

            Este texto de S. João é paralelo ao texto de Marcos que lemos na semana passada: centra-se na pregação e no batismo de João Batista. Mas enquanto Marcos dava mais relevo à dimensão profética de João Batista, S. João prefere dar relevo à grande expetativa messiânica que pairava pela Palestina nos tempos de Jesus. A expetativa era tão grande que qualquer pessoa que saísse de uma certa “normalidade” de vida quotidiana era sujeita a investigação por parte dos chefes religiosos. Nem tanto porque os chefes vivessem nessa expetativa (para eles o «seu» mundo estava mais ou menos bem!), ou que aceitassem de ânimo leve que alguém de entre o povo fosse o Messias, mas sobretudo porque temiam qualquer agitação social injustificada, que acabasse por abanar a sua situação de privilégio diante do povo e de “colaboradores tolerados” diante dos romanos. Jesus e João Batista foram ambos objeto destas investigações, que os chefes não faziam por si mesmos – estavam acima disso! – mas por “lacaios” da sua confiança. Aliás, o problema destes lacaios não é realmente saber quem ele é, mas saber o que é que ele diz dele mesmo, para darem a resposta aos seus chefes!   

            Os fariseus, todavia, avançam um bocadinho mais, e fazem já uma pergunta pela sua própria cabeça, uma pergunta honesta, colocada sob o enfoque religioso e não sob o enfoque político-social: “então porque batizas?”, ou seja: que significado dás ao teu batismo? A pergunta é honesta porque o batismo era um ritual que nessa altura era usado com significados diferentes, e parecia que o batismo de João não cabia em nenhum desses significados. João responde que o seu batismo em si mesmo não tem qualquer valor religioso, mas que, por outro lado, é simultaneamente um anúncio e uma denúncia: anúncio de que o Messias já está entre o povo; denúncia da obstinação das pessoas, nomeadamente os chefes religiosos, em não O reconhecerem.

         É oportuno também recordar aqui que um dos mais célebres sermões de Santo Agostinho é precisamente sobre este texto do Evangelho. Santo Agostinho distingue entre a “voz” (João) e a “Palavra” (Jesus). Diz Agostinho que a palavra precisa da voz para se transmitir, para ir de uma pessoa a outra, mas depois dessa transmissão ter sido feita, a “voz” desaparece e a “palavra” fica no íntimo, na consciência, no coração do outro.

         Jesus é a “Palavra” eterna de Deus, desde toda a eternidade e por toda a eternidade; mas para se transmitir às pessoas do nosso tempo e ficar nos seus corações, a “Palavra” que Ele é precisa da nossa “voz” de cristãos. Por isso temos que ser “voz”. Voz de anúncio, voz de denúncia!, como a  de João Batista. Mas somos apenas “voz”. Ele é que é a Palavra. Uma Palavra tão excelsa que não somos dignos sequer de Lhe desatar a correia das sandálias.

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