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20 de novembro – solenidade de Cristo Rei do Universo

Esperar o que já temos é tolice!

Jesus disse aos seus discípulos: «Quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus Anjos, sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e Me recolhestes; não tinha roupa e Me vestistes; estive doente e viestes visitar-Me; estava na prisão e fostes ver-Me’. Então os justos Lhe dirão: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome  e Te demos de comer,  ou com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou sem roupa e Te vestimos? Quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?’. E o Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’. Dirá então aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me recolhestes; estava sem roupa e não Me vestistes; estive doente e na prisão e não Me fostes visitar’. Então também eles Lhe hão-de perguntar: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome ou com sede, peregrino ou sem roupa, doente ou na prisão, e não Te prestámos assistência?’ E Ele lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o deixastes de fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a Mim o deixastes de fazer’. Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna». (Mateus)

 

            Com este texto, Mateus encerra as duas parábolas que lemos nos últimos domingos, a das virgens prudentes e insensatas e a dos três administradores: toda a prudência (ciência de bem agir) e toda a vigilância não valem por si, mas valem para nos apercebermos de quando e como é que Jesus vem e para então fazermos aquilo que deve ser feito nesse momento da sua Vinda!

            Descodificando doutro modo: como dissemos nos últimos domingos, Mateus aproveita algumas parábolas do reino de Deus, contadas por Jesus, para animar a Igreja dos anos 80, que estava bastante desanimada, rotineira, frouxa. A causa dessa apatia eclesial era o fato da expetativa na Segunda Vinda imediata de Cristo ter sido defraudada. As atitudes de vigilância em relação a esta Segunda Vinda e de estar bem preparado para a mesma tinham desaparecido. Então, o que Mateus faz essencialmente é explicar que não há razão nenhuma para baixar os níveis de vigilância e de preparação, porque Jesus está não só vindo, mas está realmente presente no meio da comunidade, e à sua volta. Ele está realmente presente nas pessoas concretas dos últimos da sociedade: nos famintos, nos perseguidos, nos abandonados, nos sem afeto, nos marginalizados. Ora, esperar o que já se tem, não deixa de ser tolice. A questão não está em que Ele ainda não veio, mas está em que eles ainda não perceberam onde é que Ele realmente (já) está!

            E Mateus dá mais um passo: ensina a sua comunidade que é inútil, ou até prejudicial, fixar-se nessa Segunda Vinda de Cristo sem estar realmente preparado para ela!, porque será uma vinda de juízo, de julgamento, em que a matéria julgada são os comportamentos concretos para com o Cristo Senhor e Rei do Universo pobre, roto, maltrapilho, faminto, preso, doente… Não há outro Cristo Rei do Universo!

            Por outro lado, com este texto,  Mateus encerra também aquilo que podemos designar de vida e ensinamento públicos de Jesus de Nazaré. A partir daqui começa o relato da Paixão e Ressurreição. Portanto, este texto é ainda como que o grande resumo final de todos os ensinamentos e de todos os milagres de Jesus de Nazaré! Tudo aquilo que Jesus fez e ensinou foi para nos levar a agir ativamente em favor dos últimos, assumindo-os como… o nosso Deus. Não como “o nosso Deus” da fé racional, da fé teológica, mas como o nosso Deus enquanto de tal modo “maiores do que nós”, que nos levam a sair do nosso egoísmo e a partilharmos e agirmos em seu favor. Daí o espanto: “mas quando é que te vimos faminto ou preso?”. Sempre que tomaste um comportamento de serviço, de amor desprendido e total, para com a pessoa que socialmente aparece aos olhos dos outros e aos teus próprios olhos, como numa situação pior do que a tua.

            Mas esta atitude de amor pelos últimos não é espontânea. Aprende-se, exercita-se e purifica-se na prática concreta. Ser cristão é isso. Quem disser o contrário rasga esta página do evangelho.

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