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11 de março – 3º domingo da quaresma

Um só cordeiro, um só templo: Jesus de Nazaré

Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas. Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio». Os discípulos recordaram-se do que estava escrito: «Devora-me o zelo pela tua casa». Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?» Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». Disseram os judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?» Jesus, porém, falava do templo do seu corpo. Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus. Enquanto Jesus permaneceu em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos, ao verem os milagres que fazia, acreditaram no seu nome. Mas Jesus não se fiava deles, porque os conhecia a todos e não precisava de que Lhe dessem informações sobre ninguém: Ele bem sabia o que há no homem. (João)

 

            No Evangelho de S. João, este texto da expulsão dos vendilhões do templo é colocado logo no início da vida pública de Jesus. Os evangelhos sinóticos também falam deste episódio mas, provavelmente por causa de reduzirem toda a vida pública de Jesus a um ano, colocam-no já perto da Sua morte. Isso ajudou a criar a imagem de que alguma da perseguição dos judeus a Jesus teria nascido desta cena no templo, mas não parece ser tanto assim. De resto, tanto em João como nos sinóticos, a reação dos judeus é bastante suave, limitando-se os chefes do templo a perguntarem-lhe com que autoridade ele derrubou as bancas e expulsou os vendilhões. E, como é evidente, logo a seguir os vendedores voltaram a montar as bancas e o negócio continuou a correr…

            Por outras palavras, não há ódio, nem raiva em Jesus, nem o seu gesto pretende alterar uma situação concreta. Agora, é claríssimo que foi um gesto espetacular, um gesto para ser visto, um gesto provocatório! Um gesto reivindicativo de alguma coisa.

            É um gesto profético – à maneira dos grandes profetas, como Jeremias – que Jesus faz, mas não explica cabalmente. Assim, fica de algum modo livre a interpretação do gesto, e vai havendo uma evolução na interpretação do mesmo à medida que o tempo corre e se continua a refletir sobre ele: para Marcos, Jesus pretendeu sobretudo denunciar o vazio (ostentador) do culto praticado no templo; Para Mateus, Jesus pretendeu substituir a disponibilidade “comercial” das oferendas pela possibilidade dos legalmente excluídos as oferecerem. [De facto, os cegos e coxos, que Mateus cita, estavam legalmente proibidos de fazerem ofertas no templo]; para Lucas (o permanente evangelista do Templo!) Jesus simplesmente toma posse daquilo que é em absoluto seu, a sua casa; Para João, como lemos na missa de hoje, com este gesto Jesus pretendeu abolir os antigos sacrifícios e o antigo templo.

            Vejamos melhor: se Jesus expulsa não só os vendilhões, mas também os animais, deixa de haver animais para os sacrifícios. Então o que acaba não é só o comércio, mas os próprios sacrifícios. [Curiosamente, Jesus não dá bordoada sobre todos!: aos vendedores de pombas, faz-lhes uma petição (“tirai”) e uma exortação (“não façais”). As pombas, eram os animais sacrificados pelas pessoas extremamente pobres; foram os animais que sacrificaram os pais de Jesus quando ele foi apresentado no Templo]. A pergunta que fica é: então, que sacrifício coloca Jesus para substituir os sacrifícios do templo? A resposta é: o seu próprio sacrifício, a sua vida.

            E quando os chefes lhe pedem um “sinal” que autentifique aquele gesto, Jesus apresenta-se a si mesmo já não só como a matéria do sacrifício, mas também como o próprio lugar do mesmo: Ele é o novo Templo, tornado único e verdadeiro, ainda pelo seu próprio sacrifício: destruído pelos chefes, reergueu-se ao “terceiro dia”. A função e o valor do templo antigo cessaram definitivamente.

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