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12 de fevereiro – 6º domingo comum

Viverás junto, dentro do acampamento!

O Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo: «Quando um homem tiver na sua pele algum tumor, impigem ou mancha esbranquiçada, que possa transformar-se em chaga de lepra, devem levá-lo ao sacerdote Aarão ou a algum dos sacerdotes, seus filhos. O leproso com a doença declarada usará vestuário andrajoso e o cabelo em desalinho, cobrirá o rosto até ao bigode e gritará: ‘Impuro, impuro!’ Todo o tempo que lhe durar a lepra, deve considerar-se impuro e, sendo impuro, deverá morar à parte, fora do acampamento». (Levítico)

Veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte. (Marcos)

 

         Continuamos a ler o evangelho de Marcos, e ainda estamos a seguir a fase inicial da vida pública de Jesus. Vimos na semana passada que, depois daquela intervenção pública na sinagoga de Cafarnaum e da cura da sogra de Pedro, Jesus parte com os seus discípulos a pregar noutras cidades da Galileia. Marcos coloca apenas um episódio durante todo esse périplo pela Galileia: exatamente esta cura do leproso.

         E não é sem razão que ele lhe dá tal importância! Basta lermos o texto do Levítico (1ª leitura) para percebermos como eram considerados e tratados os leprosos naquele tempo e naquela sociedade. Eram, verdadeiramente, os excluídos dos excluídos, os pobres dos pobres. E Marcos, depois da cura, acrescenta o pormenor de Jesus mandar o leproso ir ter com o sacerdote, o que quer dizer que para Marcos este não foi apenas mais um milagre, nem sequer, de certo modo, um milagre, mas sobretudo um modo de Jesus se colocar diante da Lei, da cultura e da sociedade. Respeita a Lei, mas põe a pessoa em primeiro lugar. E põe de tal modo a pessoa em primeiro lugar, que não mede as consequências de poder ele próprio ser tocado pela lepra, e toca, compadecido, aquele leproso.

         Voltemos atrás. Marcos já nos disse diversas vezes que Jesus fez muitas curas. Mas até ao momento, de todas essas curas, selecionou apenas três: curou o homem possuído pelo espírito impuro; curou a sogra de Pedro; curou este leproso. Ou seja, Jesus curou os males do espírito; curou os males do corpo; e – vemos hoje – curou os males sociais, no sentido dos males que a cultura, a lei, a própria religião, provocam sobre a pessoa concreta. O importante deste milagre não é o homem ter sido curado da lepra; o importante é Jesus ter incluído este homem na vida social comum, de o ter tirado de “fora do acampamento” (1ª leitura) e o ter enviado para dentro do acampamento.

                E, curiosamente, incluindo este homem na vida social comum, Jesus acaba por ficar ele próprio excluído dessa vida! Trocam de lugares sociais: Jesus, que depois das duas curas anteriores era o mais incluído de todos, com a cura deste leproso torna-se excluído: “já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos”; ou seja, ficou exatamente onde antes estava o leproso: fora do acampamento!

            Mas como, apesar disso, “de toda a parte vinham pessoas ter com Ele”, percebemos que Ele não ficava fora por medo das pessoas, ou porque as pessoas não soubessem onde Ele estava. Ficava fora certamente para “arrefecer” os encantamentos de um messianismo político, mas, muito mais do que isso, ficou fora por uma opção de solidariedade com os últimos, com os excluídos. Ficou fora, como lição de vida para quem quer ser “libertador”: o caminho da libertação, da inclusão social, passa por aceitar a liberdade dos libertados, mesmo quando depois vão contra a nossa vontade expressa e com a sua liberdade nos empurram a nós para a exclusão.

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