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15 de janeiro – 2º domingo comum

Ouvir, ver, seguir…

No dia seguinte, João Baptista encontrava-se de novo ali com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?» Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?» Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus. Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias» – que quer dizer ‘Cristo’ –; e levou-o a Jesus. Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’. (João)

 

         Na versão de S. João, estes dois discípulos de João Batista foram os primeiros “seguidores” de Jesus. Um deles é André. O outro não sabemos quem seja, mas provavelmente será o próprio autor deste texto, o apóstolo João. Aliás, S. João, embora falando de muitas passagens da vida de Jesus em que ele pessoalmente esteve envolvido, nunca refere o seu próprio nome em todo o evangelho. Para ele, o nome que importa fixar, é um: Jesus; depois, há um segundo nome: Pedro. Isto é, a Igreja! E é curioso notar como o evangelista, além de se apagar a si, apaga também André, para fazer emergir Pedro: – Quem é André? É o irmão de Simão Pedro; – a quem é que André dá prioridade? A Simão Pedro!; – O que faz André? Leva Simão Pedro a Jesus! E, depois, a cena fica toda para Simão Pedro e Jesus. E logo aqui, neste primeiríssimo contacto entre Jesus e Simão, Jesus indica-lhe essa missão de ser o suporte da Igreja: chamar-te-ás “Cefas”, que quer dizer “pedra”. Portanto, logo na primeira referência aos discípulos de Jesus, João deixa claro que o importante não são eles em si mesmos, mas apenas Jesus e a Igreja (que nascerá depois da Ressurreição).

         O evangelho de João é extremamente estruturado, reflexivo, teológico. Por exemplo, pela expressão “no dia seguinte” percebemos neste pequeno texto a sequência de três dias seguidos: há um dia anterior (em que João Batista identifica Jesus como “o Filho de Deus”); há o dia em que os dois primeiros discípulos vão ficar a casa de Jesus; e há o dia em que André traz Simão Pedro a Jesus. Seguindo este processo, consegue-se perceber que S. João faz uma apresentação de toda a História da Salvação em sete dias, desde a criação do mundo (“tudo por Ele foi criado”) até à Ressurreição (significada nas Bodas de Caná). O Sétimo Dia passa a ser o da Ressurreição de Jesus, porque nessa Ressurreição acontece uma Nova Criação da Humanidade.

         Agora, é curioso notar que num texto assim tão estruturado, tão reflexivo, tão teológico, o evangelista sinta por três vezes a necessidade de traduzir para os seus leitores as expressões que emprega. Ora isto acontece porque ele está a escrever em grego, para leitores de língua grega, mas utiliza para os diálogos palavras do hebraico e do aramaico: “Messias”, “Rabi”,“Cefas”. De algum modo, S. João faz um alerta, como quem diz aos seus leitores: atenção, eu estou a falar-vos do Mistério de Cristo que envolve toda a História da Salvação (desde a criação do mundo até à eternidade), mas nunca esqueçais que foi num tempo concreto, numa cultura concreta, numa língua concreta, com personagens concretas, e sobretudo com um homem concreto – Jesus, da Galileia – que essa Segunda Criação se deu.

         Daqui também uma outra repetição, quase cansativa, ao longo do texto, a dos verbos ouvir, ver, seguir…

         Aliás, a resposta de Jesus – “vinde ver” – aos dois discípulos que lhe perguntam onde mora situa-se neste contexto. Para todos aqueles homens e mulheres, de todos os tempos e culturas, que na sua vida se perguntam “onde está Deus?”, “quem é Deus?”, “como seguir Deus?”, a resposta é só uma: vinde até Jesus de Nazaré, vede como ele vive e, mais ainda, fazei a experiência de viver com Ele o vosso dia. Não interessa se sois gregos, ocidentais, africanos, orientais… Alguém traduzirá para a vossa cultura! Mas se quereis seguir os caminhos de Deus, vinde ver e ouvir Jesus, porque foi n’Ele que há 2000 anos Deus Se mostrou como é!

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