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22 de janeiro – 3º domingo comum

Profetas do Tempo Novo

A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas nos seguintes termos: «Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e apregoa nela a mensagem que Eu te direi». Jonas levantou-se e foi a Nínive, conforme a palavra do Senhor. Nínive era uma grande cidade aos olhos de Deus; levava três dias a atravessar. Jonas entrou na cidade, caminhou durante um dia e começou a pregar nestes termos: «Daqui a quarenta dias, Nínive será destruída». Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de saco, desde o maior ao mais pequeno. Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou. (Jonas)

Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus. (Marcos)

 

            O Livro de Jonas é uma história em que todos – tanto o autor, como os leitores – sabem que tudo é inventado, mas que aceitam e retransmitem como verosímil, porque aquilo que interessa não é a história em si, mas os ensinamentos religiosos que ela contém. E se atendermos àquilo que o autor desta história quer ensinar, concluímos que estamos perante um dos mais violentos profetas de Israel! Porque o que a história de Jonas ensina é que “Deus não faz aceção de pessoas” nem de povos, que Deus está sempre disponível para perdoar quem se arrepende, que é o próprio Deus quem suscita a conversão e o arrependimento, que Deus não protege um povo mais do que outros, que quem adora outros deuses pode ser muito mais honesto na sua fé do que quem adora o verdadeiro Deus, que Deus ama com compaixão. Resumindo, a história de Jonas é uma machadada sem dó nem piedade no orgulho e no autoconceito presunçoso dos judeus em relação aos outros povos, tendo como argumento serem o Povo Eleito.

            No evangelho de Marcos temos dois resumos: o resumo da pregação de Jesus, nos primeiros tempos em que percorria a Galileia; e o resumo do chamamento dos discípulos. O discurso da Galileia introduz um “tempo novo”; o velho “tempo está cumprido”. O chamamento dos discípulos introduz os novos profetas para esse tempo novo: os cristãos.

            De facto, a criação do grupo de discípulos à volta de Jesus seguiu um movimento contrário e muito mais lento do que Marcos nos induz a pensar: foram alguns homens e mulheres que começaram primeiro por ouvir Jesus nas sinagogas e a perceberem que valia a pena ouvi-Lo, porque a sua palavra lhes enchia a alma e a vida; depois, começaram a ir ouvi-Lo a outras sinagogas; começaram a entusiasmar familiares, amigos, vizinhos; começaram a convidá-Lo para suas casas e a saírem de suas casas para ficar com Ele alguns dias; passaram a acompanhá-Lo nalgumas viagens a cidades das redondezas; a ir nas peregrinações a Jerusalém no grupo dele; e alguns acabaram tornando-se verdadeiramente os seus discípulos e os seus amigos, a ponto de terem abandonado as suas vidas anteriores para criarem uma comunidade de vida com Ele.

            Mas Marcos dá-nos um relato já iluminado pela Ressurreição, consciente de que “a nova criação”, de facto, já se deu. Na sedução que a pessoa e a palavra de Jesus exerceu sobre aqueles homens e mulheres, Marcos vê um chamamento dos mesmos à maneira dos profetas do Antigo Testamento. Eles são os profetas do Novo Testamento, do Novo Tempo, da Nova Criação (tal como Deus chamara Jonas a ser profeta no Antigo Testamento). Ao mesmo tempo, Marcos dá-nos um relato não só atento à resposta positiva daqueles homens e mulheres que seguiram Jesus, mas um relato também provocatório para todos os cristãos, para todas as gerações sucessivas de discípulos de Jesus ao longo da História: a resposta dos profetas do Novo Testamento (ou seja, dos cristãos) tem duas caraterísticas nucleares: prontidão (“logo”) e desprendimento (“deixaram”).

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