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4 de março – 2º domingo da quaresma

O dia e a matéria da Nova Aliança 

Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. Apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra para Elias». Não sabia o que dizia, pois estavam atemorizados. Veio então uma nuvem que os cobriu com a sua sombra e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». De repente, olhando em redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do homem não ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram a recomendação, mas perguntavam entre si o que seria ressuscitar dos mortos. (Marcos)

 

        O Evangelho da “transfiguração” de Jesus evoca, desde logo, a Antiga Aliança do Sinai. Há um conjunto de paralelismos exteriores que nos fazem essa evocação: a subida ao alto de um monte; os sinais exteriores da presença de Deus no monte; a exclusividade da subida a um grupo muito restrito (no Sinai, Deus só permitiu a subida de Moisés e Aarão); o temor do povo; a voz de Deus… De algum modo, Marcos coloca aqui, neste Monte, neste dia, a celebração da Nova Aliança entre Deus e os homens. O mediador da Antiga Aliança, no alto da montanha, foi Moisés, que estava acompanhado de Aarão; o mediador da Nova Aliança foi Jesus, acompanhado de Pedro, Tiago e João…

        Mas no episódio da “transfiguração” de Jesus há um salto qualitativo: enquanto o conteúdo da Antiga Aliança foi ditado por Deus a Moisés, frase a frase, na Nova Aliança o conteúdo é toda a Palavra de Jesus: “Escutai-O”. Dito de outro modo: pergunta – o que é que temos que fazer para ser fiéis à Antiga Aliança?; resposta – não adorar falsos deuses, não invocar o nome de Deus em vão, honrar pai e mãe…; pergunta – o que é temos que fazer para ser fiéis à Nova Aliança?; resposta – escutar Jesus! Então, Jesus é a própria Palavra de Deus, e Deus não precisa de dizer mais nada, senão confirmar portentosamente tudo aquilo que Jesus disse e fez.

        Uma aliança é um contrato; é um vínculo jurídico; é a mútua aceitação de um conjunto de direitos e deveres. Compreende-se a esta luz que Jesus tenha levado consigo Pedro, Tiago e João. O que foram eles fazer? Servir de testemunhas daquele Contrato humano-divino, daquela Aliança, Nova, entre Deus e a Humanidade. A Lei dizia que o testemunho de uma só pessoa não era válido em circunstância nenhuma, mas apenas o testemunho de duas ou três pessoas (cfr. Deut 19, 15). Jesus, leva, portanto, três pessoas consigo, para que o seu testemunho seja válido: naquele monte, naquele dia, com o testemunho de três pessoas (testemunho válido), celebrou-se uma Nova Aliança entre Deus e a Humanidade, e o conteúdo desta Nova Aliança é escutar Jesus de Nazaré, o Filho eterno de Deus.

        Mas essa confirmação de Deus só de dá, em absoluto, na Ressurreição, e por isso Jesus ordena aos três discípulos-testemunhas que não relatem aquele episódio acontecido no alto do monte a ninguém, até Deus confirmar portentosamente a sua validade. Proíbe-os não tanto porque queira guardar um segredo, mas porque o tempo do “processo” no decorrer do qual as testemunhas são chamadas a depor ainda não ocorreu. Virá o tempo em que eles terão que dar a cara e dizer: “sim, esse Jesus que vós crucificastes era o Messias, o mediador de uma Nova Aliança entre Deus e os homens, e nós somos testemunhas de que Deus estabeleceu por Ele essa nova Aliança com a humanidade. Estivemos lá, vimos com os nossos olhos, ouvimos com nossos ouvidos”. E poderão acrescentar: “e o nosso testemunho é válido, porque somos três!”

            Apenas outra palavra: a Nova Aliança não faz uma rutura com a Antiga, mas faz-se em “diálogo” com ela: Moisés e Elias também estiveram presentes naquele dia, no alto daquele monte, em serena conversa com Jesus; mas depois afastam-se, e Jesus fica…

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