Cáritas de Coimbra, IPN e ISR-UC reavivam robôs sociais através do projeto LIFEBOTS
Em 2014 a Cáritas de Coimbra deu os primeiros passos no trabalho com robôs sociais, através do projeto GrowMeUp, financiado pelo programa H2020 da Comissão Europeia. Este projeto consistiu no desenvolvimento e aperfeiçoamento de um robô cujo principal objetivo era apoiar cidadãos com mais de 65 anos nas suas tarefas diárias. Potenciar o diálogo entre a pessoa e o robô, alertas para toma de medicação, agendamento de atividades, estimulação da atividade física através de jogos ou de vídeos ou estimulação cognitiva através de jogos de memória foram algumas das potencialidades do robô social que foram testadas na Cáritas Diocesana de Coimbra.
Pode-se referir que este projeto primou pela diferença quando envolveu desde o início os utilizadores em todo o desenvolvimento da tecnologia. A própria cor do robô social foi escolhida pelos utentes das respostas sociais de Centro de Dia, Estrutura Residencial para Idosos e Serviço de Apoio Domiciliário nas quais o robô foi testado. Os participantes puderam contribuir com as suas opiniões e participaram em pequenas reuniões “focus group” para as debaterem e discutirem também as suas ideias.
Os participantes no projeto GrowMeUp afirmam ter muitas saudades do robô que carinhosamente acolheram nas suas vidas e reconhecem que ajudaram no seu desenvolvimento. Não raras vezes comentam “queríamos o Ambrósio a andar por aqui” ou “gostava do meu Hugo”.
Com a experiência GrowMeUp foi possível comprovar aumento da motivação para praticar exercício físico; maior adesão às atividades proporcionadas pelo equipamento que os participantes frequentam; maior interação social; aproximação das famílias; melhoria da qualidade de vida; benefícios para a saúde física e mental; estimulação do diálogo; envolvimento com cuidadores e investigadores; manutenção do cérebro ativo e despertar da curiosidade; facilitação do acesso à informação e aumento da literacia digital. No entanto, a tecnologia precisa ainda de ser melhorada para poder ser utilizada diariamente.
Os robôs estão a ser cada vez mais utilizados, não apenas no setor social, mas também no setor da saúde como uma solução potencial atual e para um futuro próximo. Com base nesta premissa e com o objetivo de potenciar a tecnologia que dele resultou, a Cáritas de Coimbra está desde 2019 a participar no projeto LIFEBOTS Exchange, projeto apoiado no âmbito das Ações Marie Sklodowska-Curie, ao abrigo do programa de financiamento da União Europeia, Horizonte 2020. Prevê-se que através desse seja construída uma rede trissectorial que envolve a academia, a indústria e os utilizadores da tecnologia. A Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) coordena o projeto, sendo os parceiros portugueses a Cáritas de Coimbra, o Instituto Pedro Nunes (IPN), o Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Universidade de Coimbra e a, IDMIND – Engenharia de Sistemas Lda, e mais 8 parceiros que representam instituições de investigação, empresas e ONG de toda a Europa e Coreia do Sul.
Realçando a colaboração já existente entre a Cáritas de Coimbra e o IPN no desenvolvimento contínuo e amadurecimento de novas tecnologias para a saúde e cuidados, o LIFEBOTS veio estreitar ainda mais esta relação. Através dele foi facilitado o empréstimo de um robô social por parte da Cáritas de Coimbra ao IPN para que este possa avançar no seu desenvolvimento e o Hugo possa voltar a ser usado pelos utentes da Cáritas em breve.
Segundo João Quintas, Investigador Principal do LAS – Laboratório de Automação e Sistemas do IPN – “Graças a esta ação, neste momento em Coimbra, passa a ser possível ter três organizações de referência (IPN, Cáritas Coimbra e ISR) a trabalhar numa mesma plataforma tecnológica, o que antevê potenciar o desenvolvimento e adoção deste tipo de tecnologias de ponta”.
Natália Machado, gestora de projetos da Cáritas Diocesana de Coimbra, perspetiva também o futuro do projeto, referindo que – “O LIFEBOTS veio dar continuidade a um importante trabalho iniciado com o Growmeup: a investigação sobre robôs sociais nos cuidados de pessoas mais velhas. A troca de experiências entre a academia, a indústria e organizações sociais tem dado excelentes resultados, pois centra a investigação nas necessidades e interesses do utilizador final, com benefícios para os utentes da Cáritas, levando a um atendimento diferenciado e de qualidade.”