Projeto DIANA chega ao fim e deixa grandes expectativas na área do cuidado de pessoas com demência
Deteta e previne quedas; mapeia os trajetos feitos; orienta durante a utilização da casa-de-banho: estas são as funcionalidades do projeto transnacional DIANA, que foi implementado pela Cáritas Diocesana de Coimbra, nos últimos três anos. O sistema foi testado em Portugal e na Suíça e os resultados foram bem-sucedidos! Ficou provada a necessidade e viabilidade do sistema, podendo ser um grande passo na área da prestação de cuidados a pessoas mais velhas em geral e pessoas com demência em específico.
Todos os anos registam-se quase dez milhões de novos casos de demência em todo o mundo, e um dos fatores principais é a idade (é mais comum em pessoas com 65 anos ou mais). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, a demência custou às economias mundiais 1,2 biliões de euros – 84% relacionados a custos de cuidados formais e informais.
Mas no que consistiu o projeto DIANA – Digital Intelligent Assistant for Nursing Applications (Assistente Digital Inteligente para Aplicações de Enfermagem)? O DIANA pretendeu responder a esta necessidade, ao fornecer uma solução apoiada na tecnologia para otimizar os procedimentos do trabalho de enfermeiros e cuidadores de pessoas mais velhas e/ou com demência, através da utilização de sensores de inteligência artificial 3D, ao mesmo tempo que contribuía para melhorar a autonomia e a segurança das pessoas mais velhas e/ou com demência.
A fase piloto do projeto decorreu em dois locais distintos – Cáritas Diocesana de Coimbra (Portugal) e Clínica Geriátrica St. Gallen (Suíça) – com objetivo de testar os sensores 3D em ambientes reais. Só na Cáritas de Coimbra foram envolvidas cerca de 60 pessoas, entre funcionários, utentes e seus cuidadores informais. O piloto teve três módulos principais.
Um módulo passou por testar os sensores 3D de movimentos instalados em quartos e casas-de-banho, que são capazes de perceber, por exemplo, quando alguém se senta, fica em pé ou está no chão, respeitando questões ética e de privacidade. O sistema foi implementado no Lar de Santo António e, durante cerca de dois meses, alguns utentes foram monitorizados pelos sensores, a fim de detetar e prevenir quedas. Aconteceu apenas uma queda real, cujo sistema adequadamente reportou. Os cuidadores consideraram esta funcionalidade bastante útil, pois, segundo os mesmos, poderia apoiá-los no desempenho das suas tarefas diárias e aumentaria a segurança nos Lares.
Outro módulo testado foi a assistente virtual de casa-de-banho, em que os sensores 3D foram equipados com um outro programa (Assistente virtual) que pretende auxiliar as pessoas com declínios cognitivos, especialmente demência, guiando-as durante a utilização da casa-de-banho. A Assistente virtual foi instalada durante três dias em casas-de-banho no Centro de Dia do Centro Rainha Santa Isabel, tendo sido testada por utentes, mas também por cuidadores e especialistas. Todos demonstraram entusiasmo pela tecnologia, considerando a sua utilidade para as instituições e também para as residências privadas.
A análise dos heatmaps (mapas térmicos) foi outro módulo incluído no piloto. Esta é uma funcionalidade ainda embrionária e, por isso, os testes ajudaram os desenvolvedores a perceber de que forma o mapeamento dos trajetos das pessoas nos quartos e nas casas-de-banho poderá ser desenvolvido como uma ferramenta robusta, para a prevenção de quedas e para a antecipação de diagnósticos baseados em alterações dos padrões de movimento das pessoas. A testagem ocorreu no Lar de Santo António e no final, de forma informal e intuitiva, os cuidadores conseguiram associar as imagens dos heatmaps aos utentes participantes do projeto. Esta funcionalidade foi considerada pelos cuidadores como algo que impulsionaria a segurança nos Lares.
De forma global, os resultados foram muito positivos e criaram expectativas nas pessoas que se envolveram no piloto – especialistas, funcionários (técnicos e auxiliares), utentes e seus cuidadores informais.
Além de testar o piloto, a Cáritas Diocesana de Coimbra liderou a tarefa da ética e teve um forte contributo com a pesquisa de questionários que aplicou aos participantes.
Tal como a Cáritas de Coimbra, todas as entidades do consórcio do projeto trabalharam e contribuíram ativamente para o seu sucesso. O DIANA foi desenvolvido numa parceria entre sete entidades europeias, nomeadamente: Cáritas Diocesana de Coimbra (Portugal), Universidade Católica Portuguesa (Portugal), EET Europarts (Suíça), Clínica Geriátrica St. Gallen (Suíça), Bluepoint (Roménia), Universidade Técnica de Viena (Áustria) e Cogvis (Áustria), sendo este último o coordenador. Foi aprovado no âmbito do Programa Europeu AAL, estando o financiamento português a cargo da FCT- Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
O projeto DIANA levou inovação aos profissionais e utentes, contribuiu para a literacia digital de grupos em situação de vulnerabilidade e ultrapassou as limitações impostas pela pandemia da Covid-19. Este trabalho só foi possível graças à disponibilidade e adesão de todos os que participaram no piloto e também graças ao consórcio de parceiros que, em conjunto, desenvolveu o projeto. O DIANA foi mais uma aposta da Cáritas Diocesana de Coimbra para a promoção do envelhecimento ativo e saudável.
Veja AQUI o vídeo sobre a implementação do projeto DIANA na Cáritas Diocesana de Coimbra: