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11 de maio – 4º domingo da páscoa

Os dois caminhos da vida religiosa


Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que queria dizer. Jesus continuou: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância». (João)

Este é um dos textos mais violentos do evangelho de João, onde os chefes religiosos judaicos, particularmente os fariseus, são chamados insistentemente de ladrões e salteadores. O que roubaram?; a quem, violentamente, despojaram? Resposta de João: roubaram a vida, a vida em abundância, ao povo e a cada uma das pessoas do povo.

Desde logo, este texto não é um “sermão” de Jesus, mas uma resposta dirigida a uma provocação concreta. Aparece a seguir ao episódio da cura do cego de nascença, e de certo modo faz ainda parte dele. Estamos lembrados da cena: Jesus cura um cego de nascença, fazendo lodo e mandando-o ir lavar-se à Piscina de Siloé. Ao longo desse episódio, os vizinhos marcam distância, os pais eximem-se a responsabilidades, os fariseus reagem agressivamente e expulsam o que fora cego… No termo dessa longa narração, Jesus declara: “Eu vim a este mundo para proceder a um juízo: de modo que os que não veem vejam, e os que veem fiquem cegos”. Ao ouvirem Jesus dizer isto, alguns fariseus atiraram-lhe: “porventura nós também somos cegos?”. Não era uma pergunta, mas uma afirmação bem forte da sua capacidade de ver. É a esta afirmação arrogante e provocatória que Jesus responde neste texto do evangelho.

Jesus responde aos fariseus, confrontando-os com os diferentes comportamentos que têm o pastor e o ladrão de gado; melhor, confrontando-os com a diferente reação das ovelhas perante o pastor ou o ladrão de gado. Ao pastor, elas seguem; ao ladrão de gado não seguem, pelo contrário, fogem dele… Na lógica de Jesus, os fariseus deveriam perceber pela reação das pessoas que eles não estavam a agir como pastores, mas como ladrões e salteadores que, tendo usurpado o lugar do pastor, não estavam todavia ao serviço das pessoas; pelo contrário, serviam-se das pessoas para seu proveito próprio e para justificar os seus interesses e doutrinas. Então, a cegueira dos fariseus aqui não é uma cegueira doutrinal, ou uma cegueira de não reconhecerem o messianismo de Jesus, mas uma cegueira muito mais comezinha, aquela de nem conseguirem perceber pelas reações das pessoas que eles podem ser temidos, mas não são amados nem seguidos. Percebe-se assim a importância daquele pormenor dos pais do cego se terem recusado a dizer como é que ele começou a ver: “por medo” dos chefes judeus. As pessoas tinham medo deles!

Curiosamente, a sua cegueira é tão forte que nem com esta comparação eles perceberam o que Jesus queria dizer! Então Jesus aprofunda a sua resposta com uma nova imagem: a da porta. A porta é, com certeza, aquele conjunto de atitudes e comportamentos de Jesus pelos quais temos que passar para podermos viver com ele (“Eu sou a porta”). Mas, no contexto desta discussão, a porta representa também a liberdade com que todos e cada um de nós podemos viver a nossa vida religiosa do dia-a-dia (entrar e sair) na comunhão com Deus (vida em abundância) sem termos que ser escravos de nenhuma espécie de farisaísmo. De facto, só há dois caminhos na vida religiosa: o que liberta e o que escraviza. Esses dois caminhos estão significados aqui em Jesus e nos fariseus. E daqui se infere a enorme responsabilidade de todos os chefes religiosos, de todas as religiões, de todos os tempos: conduzirem os crentes pela porta da libertação, que é Jesus (e isto vale tanto para os que “pastoreiam” em nome dele, como para os que nunca ouviram falar dele); ou pela porta da escravidão (roubando, matando e destruindo a vida dos crentes. Exemplos, infelizmente, não faltam…).

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